Relato de um jantar imperialista em modo autista
Fui injustamente nomeado relator do jantar do Delito, que ainda decorre no Café Império, nesta altura em que escrevo do meu leito, qual Mark Twain. A minha saída logo após a sobremesa deveu-se ao facto de estar afónico, por um lado, e ao Alexandre Guerra ter pronunciado a frase "Houve uma coisa que há alguns anos ouvi o Pacheco Pereira dizer e tinha razão...", por outro. Nessa altura a mão tremeu-me, a mim que juro pela saúde do meu gato Beltrão que só bebi água o jantar inteiro. Falava-se de cultura, embora sem uma única menção à Supernanny. Temi ter dado um passo errado na carreira blogosférica ao imiscuir-me neste grupo de convivas.
Estavam onze homens e quatro mulheres, numa perigosa ameaça à paridade nos tempos que correm e entre as quatro constava a Ana Vidal, que levou um exemplar do seu mais recente livro, o qual se encontra à venda nas melhores livrarias (comprem-no!). Também se falou muito do livro do próprio Delito, que ainda não está à venda em livraria alguma (mas irá estar, depois de o comprarem também em modo crowdfunding). Consegui, a custo, perceber que terá um prefaciador e um pósfaciador e pouco mais, uma vez que o Luís Naves ao meu lado não parava de gritar que ele é que era o chefe da oposição neste blogue e iria tomar e assumir o poder, numa deriva alucinada em que incorporava o General Alcazar do Tintim em 'O Ídolo Roubado', enquanto o Alexandre Guerra e o José Navarro discutiam os limites da crítica literária nos jornais que nem um par de perigosos intelectuais bolcheviques.
Nessa altura, o Luís Menezes Leitão já tinha bazado para apanhar o seu avião até à Índia, mas não sem antes discutirmos o inevitável tema do alojamento local, contando com a participação bem informada do Adolfo que tentava debalde convencer-nos de que não escreve mais aqui porque não tem tempo.
Do outro lado da mesa, passaram-se igualmente diversas coisas dignas de menção e apreço mas que ignoro de todo, dado que, além de afónico, como nunca fui picado por uma aranha radioactiva não ouvi pevide.
O bife do lombo à Império estava tão macio quanto as minhas cordas vocais enervadas. As batatas deviam ser melhores. Os anónimos comentadores deste blogue idem. Bem feita não terem ido ao jantar, é para aprenderem. Se comprarem o livro do Delito...quem sabe, um dia...coiso e tal.