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Delito de Opinião

Reflexão do dia

Pedro Correia, 20.04.15

«O acordo [ortográfico] foi negociado em segredo, foi introduzido à socapa como facto consumado, foi imposto à força, contra a contestação geral ou quase, e finalmente foi ratificado ilegalmente visto que o tratado que o fundou não permitia a alteração que se fez: foi celebrado por sete países e estava previsto que cinco o ratificassem para entrar em vigor e como não se conseguiam esses cinco fez-se uma alteração legal dizendo que bastavam quatro para o fazer. A entrada em vigor do acordo é ilegal.

O acordo não só não resolveu nada que supostamente queria resolver como praticamente agravou todas. Criou contradições e coisas anedóticas. Por exemplo: dizia-se que era preciso aproximar a língua da oralidade e temos o exemplo do pára e do para, que é uma coisa absurda. (...)

Era preciso unir a ortografia porque havia duas. Mas neste momento há três: a brasileira, a portuguesa de antes do 'acordo' que muitas pessoas continuam a utilizar, como eu, e a portuguesa depois do acordo. Isto gerou tamanha confusão... nos documentos públicos, no ensino público e até na própria imprensa há partes do acordo que são facultativas e outras que não são. Isto gerou uma cacofonia total e absoluta. Dentro de uma geração os pais não vão perceber o que os filhos escrevem - e vice-versa. (...) O brasileiro chega a Portugal e, em vez de encontrar a recepção do hotel, que é como eles dizem, encontra a 'receção' do hotel, o que é uma anedota.»

Miguel Sousa Tavares, no Jornal da Noite da SIC 

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