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Delito de Opinião

Reflexão do dia

Pedro Correia, 22.02.15

«O primeiro erro do Syriza, que acabou por conduzi-lo direitinho ao acordo político de sexta-feira passada (em que Atenas cedeu em quase tudo) foi uma avaliação errada do equilíbrio de forças europeu. Tsipras acreditou que iria encontrar um clima suficientemente aberto às suas reivindicações. Descobriu rapidamente que as pancadinhas nas costas que recebeu em Roma ou em Paris não significavam qualquer apoio político ao seu programa. Com Hollande ou sem Hollande, a França guia a sua política europeia pela necessidade de manter uma parceria com Berlim, iludindo a sua própria fraqueza.»

(...)

«O novíssimo governo de Atenas deixou-se isolar em meia dúzia de dias. Ainda recalcitrou. Ainda ameaçou com a China e a Rússia. Acabou por optar por um comportamento muito mais razoável que lhe garante o apoio financeiro da Europa (o que falta ainda receber do segundo resgate) e lhe dá margem de manobra para levar a Bruxelas o seu próprio programa de reformas, já na próxima segunda-feira. Ganhou a semântica (a palavra troika foi substituída pelas "instituições"). Em contrapartida, aceitou que as dívidas são para pagar, que o seu novo programa será negociado com Bruxelas, que as medidas de socorro social serão neutras financeiramente e que, embora de forma flexível, as metas são para cumprir. Na verdade, não tinha outro remédio. Não consegue financiar-se nos mercados. Sem o apoio do BCE ao seu sistema bancário e o dinheiro europeu para as despesas do Estado, o caminho para o default seria inevitável. Imagina-se a corrida aos depósitos na próxima segunda-feira se não tivesse havido acordo.»

Teresa de Sousa, no Público

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