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Delito de Opinião

Reflexão do dia

Pedro Correia, 02.07.25

«Não é admissível que se avance para um Museu da Escravatura sem que haja prévia ou simultaneamente um museu destinado a mostrar e a explicar, aos alunos e a forasteiros, o que foram os Descobrimentos.»

João Pedro Marques, no Observador

34 comentários

balio 02.07.2025

!!!
Não pode haver um museu de X um que haja um museu de Y? Que ideia tão sui generis...
Não pode haver um museu ferroviário sem que haja um museu da aviação. Não pode haver um museu de filatelia se não houver também um museu de numismática. Não pode haver um museu de pintura se não houver também um museu da tapeçaria.
Os museus devem ser criados sempre aos pares: não pode haver um se não houver o outro também.
Lopes 03.07.2025

Eish, estou siderado com a profundidade do seu comentário.
Por um lado, desconsidera que este excerto foi retirado dum contexto que não fica patente aqui. Por outro, a escravatura em si foi apenas uma das muitas facetas dos descobrimentos e da colonização, portanto, se calhar esta afirmação até não é assim tão ridícula já que muitas vezes, a parte não pode ser percebida sem se analisar o todo e, creio ser isso o que está aqui em causa.
Emfim como "investigador" do técnico, os seus comentários são duma pobreza confrangedora. Confesso que esperava muito mais de si.
balio 03.07.2025

desconsidera que este excerto foi retirado dum contexto que não fica patente aqui

Só posso comentar o post, não posso comentar outras coisas que nele não estão.

De resto, o contexto - o artigo completo - está detrás de uma Paywall, não o posso ver nem a generalidade das pessoas pode.

a escravatura em si foi apenas uma das muitas facetas dos descobrimentos e da colonização

Eu diria que os três fenómenos são independentes e que podem ou poderiam existir cada um deles sem os restantes.

Aliás, a colonização de África só se deu a partir do século 19. Até essa época houve escravatura, mas não colonização.

De igual forma, já havia escravatura antes dos descobrimentos, e na Ásia houve descobrimentos sem escravatura.

Logo, são três fenómenos independentes. Não tem nada que haver museus dependentes uns dos outros.
Mal por Mal 03.07.2025

claro que deve ser sobre a escravatura africana para Portugal, (e Europa)aquilo que se pretende com esse museu.
Como os escravos eram comprados aos chefes tribais africanos, deve ser explicado aos visitantes do museu, o que fizeram esses chefes a tantos rendimentos.
Como essa escravatura era a chicote, e agora já é voluntária mas nem sempre há transporte, e alguns escravos são enviados a nado, os lucros devem ser menores.
O museu tem de explicar tudinho.

JgMenos 02.07.2025

A escravatura existe há milénios, e tem ainda hoje fórmulas variadas.
E há em particular uma questão que gostaria de ver tratada:
Se não fora os ataques de esclavagistas do norte de África às nossas costas, teríamos adquirido os meios e as práticas de navegação e combate naval que desde o século XII, com o Almirante D, Fuas Roupinho, nos levaram a combater em Ceuta e no século XIV terminou na sua conquista?
E sem tais meios e práticas haveriam os Descobrimentos de ocorrer por gestação autónoma?
E houve então razias escravizantes ou mero comércio com os agentes de uma tal comércio em terras em que tal era operação corrente?
A cambada de cretinos promotores da Doutrina dos Coitadinhos, dedicam-se não a relatar a História, mas a promover essa doutrina que julgam acreditá-los como gente-de-bem, sempre de olhos postos no orçamento que os alimentará.
Cómodo mesmo e agir sobre o passado e não sobre o presente.
Lopes 03.07.2025

Não se esqueça da ordem de cristo que, na prática, foi constituída pelos templários e seus descendentes que se refugiaram em Portugal após intensa perseguição por toda a Europa medieval e reino de Jerusalém.
Os conhecimentos que esses templários nos trouxeram foram valiosíssimos e ajudaram em muito Portugal a iniciar a epopeia dos descobrimentos.
balio 03.07.2025

Além da Ordem de Cristo houve montes de italianos, e outros europeus sortidos, nos Descobrimentos. Todos eles ajudaram no desenvolvimento de técnicas de navegação, construção de navios, e mapeamento.
Francisco Almeida 03.07.2025

Como a história oficial forma ignorantes assertivos.
Não será impossível que tenha existido um conhecimento templário que tenha passado à Ordem de Cristo, mas nada teve a ver com descobrimentos.
O "pai" dos descobrimentos não foi o infante D. Henrique, que os contrariou e defendeu a política de expansão no Norte de África. Só depois de D. Pedro ter sido assassinado em Alfarrobeira é que D. Henrique assumiu os descobrimentos aliás mais interessado no Atlântico - era senhor das ilhas - do que em alcançar o Índico.
D. Pedro havia feito as navegações com dinheiro do ducado de Coimbra e da Ordem de Santiago mas depois, D. Henrique, que tinha o ducado de Viseu e a Ordem de Cristo, arrendou as navegações a Fernão Gomes, um judeu, com a obrigação de descobrir 100 léguas da costa de africana. Mais tarde, D. João II, seguiu as pisadas do seu tio e avô D. Pedro. Tinha os senhorios quase todos da costa como o avô e os rendimentos e colaboração da Ordem de Santiago. O seu conselho científico, a Junta dos Matemáticos, incluía um judeu e um árabe mas ninguém da Ordem de Cristo.
Bastam os factos da história ensinada no 5º ano dos Liceus e pensar um pouco. A Ordem de Cristo tinha um único senhorio na costa, Castro Marim, ocupada a pensar na defesa contra os piratas do Norte de África e, secretamente, na conquista de Ceuta. Assim que estabilizada a situação no Norte de África a Ordem de Cristo mudou-se para Tomar. Vocação marítima, zero.
Foram da Ordem de Santiago os pilotos, mestres e marinheiros dos descobrimentos e vinham essencialmente das costas Oeste e Norte. De Buarcos, perto da Figueira da Foz já havia um comércio regular com as Ilhas Britânicas e eram portugueses que lá iam pois ingleses não navegavam fora da vista da costa nem tinham barcos que pudessem resistir ao alrt mar atlântico. Como natural, a primeira caravela documenta-se no Minho, pois seria em águas agitadas que se desenvolveria o saber náutico e não no Algarve, onde as navegações eram predominantemente mediterrânicas e, no Atlântico, limitadas à rota das Canárias.
Vasco da Gama - como Afonso de Albuquerque, como todos do tempo de D. João II - era da Ordem de Santiago. Passar à Ordem de Cristo foi uma das condições para lhe concederem o título de conde, tudo inserido no conflito entre D. Manuel e D. Jorge de Lencastre, filho bastardo de D. João II e Mestre de Santiago.
Demasiado para este espaço mas tudo inserido no conflito entre uma portugalidade nascente, tendo por referência D. João II e uma espiritualidade a rondar a heresia, baseada no culto de Espírito Santo e que previa a união de cristãos, muçulmanos e judeus, e contra, a igreja de Roma apoiada pela tendência hegemónica de Castela, que venceu. D. Manuel II, educado em Castela, casado sucessivamente com três infantas de Castela, iniciou o declínio de Portugal com políticas de ostentação ruinosas e entrada da Inquisição, uma imposição no contrato do seu terceiro casamento. Basta dizer que a armada de Vasco da Gama, foi totalmente financiada por dinheiro público, coroa e Ordem da Santiago mas a a segunda, de D. Francisco de Almeida, já teve financiamento de capitalistas alemães, Fugger e Welser, através das suas feitorias na Flandres e agenciadas por judeus que haviam sido expulsos de Portugal. Basta lembrar que Fernando e Isabel foram logo agraciados com o título de Católicos, enquanto Portugal, com acção evangelizadora superior à de Espanha, só séculos depois veria D. João V agraciado com o título de Fidelíssimo.
balio 03.07.2025

A Ordem de Cristo tinha um único senhorio na costa, Castro Marim

O que já li algures foi que D. Henrique era senhor de todo o Algarve. Embora de facto pouco lá pusesse os pés, uma vez que passava a maior parte do seu tempo na corte a intrigar, e uma vez que os contactos com o Algarve eram muito difíceis - só se podia ir para lá de barco, uma vez que a serra algarvia, tal como aliás toda a Serra Morena na parte espanhola, é muito difícil de atravessar, e nesse tempo era impossível de todo - só mais tarde é que se "descobriu" o desfiladeiro que parte de Tunes e por onde atualmente passam tanto a auto-estrada como a linha férrea.
Mas se calhar a fonte onde li isso está errada...
Francisco Almeida 03.07.2025

"Mas se calhar a fonte onde li isso está errada..."
Ou simplesmente errada ou completamente disparatada. De significativo, no Algarve tinha Lagos. Mas o cerne das suas propriedades, inicia-se com o senhorio da Covilhã e depois com o o ducado de Viseu. Na época anterior a Alfarrobeira, quase certamente, alternaria as estadias na côrte com Viseu e Covilhã. .
A sua posição em Alfarrobeira foi dúbia. Afirmou apoiar o irmão D. Pedro mas atrasou-se e só chegou com a sua hoste depois de tudo acabado. Herdou a responsabilidade das navegações e recebeu vários senhorios incluindo as ilhas atlânticas - creio ser também dessa época o monopólio das saboarias que lhe valeria o epíteto moderno de precursor da CUF - mas nunca mais foi chamado à côrte até à sua morte no Algarve. Nessa ápoca esteve longamente no Algarve e designadamente em Lagos, onde assistia a cavalo, à repartição dos escravos chegados nos navios, provavelmente para garantir que recebia a parte que lhe competia,
Por sua morte, foi seu herdeiro o sobrinho D. Fernando - que teve uma aventura adolescente que a história oficial quase cala - e, sendo já duque de Beja, tornou-se senhor do maior ducado da península ibérica.
balio 03.07.2025

houve então razias escravizantes ou mero comércio com os agentes de uma tal comércio em terras em que tal era operação corrente?

Houve mero comércio. Os portugueses não faziam razias para capturar escravos, limitavam-se a comprar escravos aos africanos que faziam as razias.
Porém, ao fazê-lo eram cúmplices com as razias, das quais não podiam deixar de ter conhecimento. Da mesma forma que quem compra objetos roubados com conhecimento de causa é cúmplice do roubo (e pode legalmente ser condenado por receptação de objetos roubados).
balio 03.07.2025

ao fazê-lo eram cúmplices com as razias

Além de serem cúmplices, incentivavam a que elas prosseguissem e se ampliassem em escala, uma vez que compravam o produto delas.
Teria havido menos razias se quem as fazia não soubesse que tinha os portugueses na costa prontos a comprar os escravos.
JgMenos 03.07.2025

Traduzindo:
Per saecula saeculorum os vencidos em guerras ou condenados em crimes ou derrotados em rivalidades adentro de grupos politicamente organizados eram eliminados ou vendidos como escravos.
Os estados de guerra tinham formas peculiares, desde as pausas para colheitas, até à guerra latente executada por grupos formados de forma ocasional ou profissional: o saque e rapto era o retorno mínimo; a ocupação territorial e integração política de populações pressupunha a existência de reinos ou estruturas políticas complexas, o que era mais rara ocorrência ainda que em condições de proximidade geográfica, em particular na África subsariana.
Invocar valores recentemente estabelecidos, ou normas jurídicas só reconhecíveis sendo predefinidas soberanias e normas de relações internacionais, para julgar esse tempo passado, é o entretenimento de quem cultiva a inutilidade e o despropósito da sua acção no tempo presente.

Carlos Sousa 02.07.2025

Realmente esta lógica é mesmo boa, é como dizer:
“Não abram o Museu do Holocausto sem antes montarem o Pavilhão do Progresso Alemão: há que explicar o BMW e a Oktoberfest.”
balio 03.07.2025

Exatamente. A lógica do disparate é a mesma.
ZEBRA 03.07.2025

A Oktoberfest não sei, mas eram capazes de tecer umas loas à IG Farben pelos avanços no desenvolvimento dos pesticidas, ou ao Hugo Boss pelo contributo para a indústria do vestuário. Entre muitos outros, claro: para o Pavilhão do Progresso Alemão Pré-Museu do Holocausto a dificuldade maior seria mesmo a seleção dos participantes.
Aliás, deve ser por isso, por serem tantos a terem contribuído para o progresso alemão, que nem se deram ao trabalho de mudar de nomes: são como palhas num palheiro.

lucklucky 02.07.2025

Não pode haver um museu da escravatura sem dar primeira relevância aos milhares de portugueses raptados das nossas costas principalmente Algarve e escravizados pelos piratas do Norte de Africa.
Ou então é um museu Racista da Esquerda Anti Portuguesa.

É ainda altura de parar com o financiamento pelos contribuintes das Universidades. Como os cursos de ciências sociais estão todos politizados devem ser só financiados pela área politica que os controla.
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ZEBRA 02.07.2025

Há uma coisa que me escapa. O tal Museu da Escravatura é só sobre a escravatura praticada pelos portugueses? Seria então um Museu do Esclavagismo Português? A ser assim, os Descobrimentos são apenas um dos factores de contexto, por importante que seja, porque há outros que também terão que ser obrigatoriamente considerados, incluindo peças relativas à Abolição!
Tal como um Museu dos Descobrimentos digno desse nome terá, necessariamente, de abordar o comércio de escravos, também um Museu da Escravatura terá de incluir as descobertas.

Portanto, não vejo por que motivo teria que um deles ter prioridade de fundação sobre o outro. Nem os Descobrimentos se esgotam na escravatura, muito pelo contrário; nem a escravatura se esgotou nos Descobrimentos. Com muitos pontos de intersecção, são realidades diferentes, que merecem abordagens museológicas próprias.
Lopes 03.07.2025

Aliás um museu dos descobrimentos no qual fossem representadas as várias facetas dessa empreitada, faria muito mais sentido do que um museu da escravatura.
Mas sabemos bem o porquê de certas correntes políticas e ideológicas quererem tanto ter um museu da escravatura já que lhes servirá para a continuação do axincalhamento da nossa história e do nosso passado. Para eles tudo o que conseguirem instrumentalizar para fazerem de nós portugueses, os maiores bandidos e canalhas do mundo e arredores é bem-vindo e prioritário.
Com tanto ódio e vergonha do nosso passado não percebo porque não imigram para fugir desta cidadania tão má.
Depois é para certa gente interessante que se demonizem os grandes líderes e heróis do passado já que assim os paupérrimos do presente poderiam passar a ser os nossos grandes - imaginemos Sócrates ou Costa como os grandes ícones e referências da nossa história, muito mau, demasiado mau!
lucklucky 03.07.2025

É a tactica do pecado/culpa para obter poder total Um pessoa/povo cheio culpa não resiste a nada que os politicos propõem.

lucklucky 02.07.2025

Um ponto importante hoje é o ódio que boa parte da esquerda tem aos próprios países. Isto inclui boa parte do centro que continua a olhar para esquerda como os "puros". logo o ideal.

Isto foi engenhado nas Universidades que passaram a ser controladas pela extrema esquerda e que o jornalismo também resultado disso replica.
Veja-se estes dois dados dos EUA:
Em 2001 87% dos Democratas tinham orgulho ou muito orgulho em serem Americanos, baixou em pouco mais de 20 anos para 36%
https://news.gallup.com/poll/692150/american-pride-slips-new-low.aspx

A segunda é outra diferença significativa de pessoas na esquerda que dizem ter depressão.
https://www.natesilver.net/p/what-explains-the-liberal-conservative

As incessantes campanhas jornalísticas do "aquecimento global" , ressentimento histórico- racial -vimos por todo o Ocidente como sair á rua no COVID era mau e deixou logo de ser mau quando a esquerda quiz sair á rua pelo George Floyd- . ironicamente estão a destruir a esquerda por dentro.

Quem odeia o próprio pais não ganha eleições.
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