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Delito de Opinião

Reflexão do dia

Pedro Correia, 14.02.25

«Munique nunca desilude. Em 1938, Chamberlain encontrou-se com Hitler e, nas costas do Presidente da Checoslováquia, entregou um pedaço do país para ter "paz no nosso tempo". Todos sabemos como acabou essa história: depois de devorar os Sudetas, Hitler reclamou o resto.

Passaram 87 anos. Novamente em Munique, parece que os EUA tencionam repetir a receita de Chamberlain: entregar um pedaço da Ucrânia à Rússia na esperança de uma "paz para o nosso tempo". Mas sem garantias de segurança efectivas para Kiev, haverá apenas o tradicional compasso de espera para que Moscovo se recomponha e volte a atacar.»

João Pereira Coutinho, no Correio da Manhã

5 comentários

Francisco Almeida 14.02.2025

Costumo apreciar João Pereira Coutinho mas, neste caso, espero que esteja errado. O que agora escreve podia e devia ter sido escrito em 1914, quando Putín anexou a Crimeia e colocou tropas especiais descaracterizadas no Donbass. Podia ter sido escrito em 2008 quando Putín abocanhou a Abecásia e a Ossétia do Sul. Podia ter sido adivinhado em 2002 quando brutalizou a Chechénia.
Basta olhar para o mapa para perceber que com a Crimeia e o Donbass, e dominando a foz do Dniepre, a Rússia pode estrangulara a Ucrânia quando quiser. E também é claro que, com os antecedentes dos Protocolos de Budapeste, qualquer promessa da Rússia vale zero. Parece-me tão evidente que até os americanos percebem e acredito que sejam obtidas garantias. De resto a exigência, já aceite, po pagamento pela Ucrânia com terras raras, mostra que os americanos estão a pensar, pelo menos, a médio prazo.
O que vejo de relevante em Munique, é o discurso de Vance que, se eu me revisse nos dirigentes europeus, Rangel incluído e com destaque, me faria corar de vergonha.
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Cristina Torrão 14.02.2025

Nem mais, Pedro.

A Grã-Bretanha e a França (duas potências nucleares) têm de se entender e juntar-se ao Canadá e à Alemanha, para contestarem os EUA. Nunca pensei escrever isto, sempre fui fã dos EUA. Mas isto assim não se aguenta.
Francisco Almeida 15.02.2025

Podem contestar os EUA de duas formas. Com discursos ou fornecendo apoio militar que lpermita resistir à Rússia.
Apoio militar não têm capacidade nem sequer em munições. Envio de tropas, como já semi-sugeriu Macron(*) faria a mudar a opinião pública contra a guerra e contra os governos que, aliás, já começou a acontecer.
Ficam os discursos. E António Costa já começou a brilhar. Disse ele que fazer cedências antes de começar a negociar é intolerável.
Pessoalmente, sou da mesma opinião. É intolerável. Só comento que agora não há nada que se possa fazer (além dos discursos). E lembro que, havendo então alternativas possíveis, ceder antes de começar a negociar é o retrato da descolonização portuguesa.
(*) Macron também se ofereceu à Dinamarca para enviar tropas para a Gronelândia. Desconfio que sofre do complexo Marques Mendes.

ZEBRA 15.02.2025

Resta-nos esperar que a Europa tenha aprendido o suficiente com o passado para encontrar uma solução para o presente.
Os EUA aprenderam, sem dúvida: tornaram-se definitivamente um país mercenário, vendem defesa e/ou guerra a quem pague mais, directa ou indirectamente - nem que seja recorrendo à chantagem e à extorsão pura e simples!
Para além disso, têm "outras prioridades"... como seja impedir, a todo o custo, que as "big tech" paguem impostos na Europa. Porque quem manda nos EUA são as "big tech", e os Trumps e os Vances são simples moços de recados, que ganham o deles a arreganhar-nos o dente para respeitarmos os patrões, tipo capangas mafiosos. E é só isso que eles são.

O Vance, armado em pregador 'hillbilly', vem-nos dar sermões sobre a liberdade de expressão ao estilo "X", que é exactamente o mesmo do estilo russo: mentiras, desinformação, difamação, manipulação, intromissão nos processos democráticos. Por serem grandes, querem à viva força enfiar-nos o pé na porta e passarem a mandar-nos em casa.
Por serem adiantados mentais e narcisistas arrogantes, como o exemplar Musk, supõem que quem os vê e escuta não dá conta das suas verdadeiras intenções, por não ser tão espertalhão e com as costas quentes como eles.
Olha a China, que já começou a dar graxa à Europa e a solidarizar-se e tudo...
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