Reflexão do dia
«A retórica é claramente de ódio a Israel e anti-semita. Os cartazes são de linguagem desumanizadora e de apoio à violência do Hamas. Vêem-se bandeiras do ISIS e da Al-Qaeda. Ninguém podia pedir maior apologia do terrorismo. Grita-se "morte aos judeus", usam-se cartazes com a bandeira de Israel no lixo junto ao slogan "manter o mundo limpo". Só quem considera os judeus não possuidores de dignidade humana por inteiro permanece numa manifestação onde se exibem tais opiniões.
Mas nem só de slogans em manifestações vive o anti-semitismo. Em Londres, os crimes motivados por anti-semitismo, desde o ataque do Hamas, cresceram 1350% (em termos homólogos). Uma sinagoga em Berlim foi atacada por dois cocktails Molotov. Na mesma Berlim, estrelas de David - o sinal, lembro para os mais novos, que os judeus eram obrigados a usar em braçadeiras no regime nazi - foram pintadas à porta de casas onde habitam judeus. A sinagoga do Porto foi vandalizada. Em Paris, foi queimada a porta do apartamento de um casal de judeus octogenários. (...) Em Barcelona um hotel foi atacado por manifestantes. A razão? É propriedade de um judeu. Em Toronto o alvo foi um restaurante. A razão? A mesma.
Este anti-semitismo é declarado e evidente. Atacam-se as pessoas, as casas, os negócios. Temos relatos de tudo isto vindos da Europa pelos anos 1930.»
Maria João Marques, no Público