Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Raciocínios precários

Rui Rocha, 01.05.17

Tentando seguir o fio histórico dos acontecimentos:
1 - Os funcionários do Estado trabalhavam 35 horas semanais e os trabalhadores do sector privado 40. Pessoas lúcidas e acima de qualquer suspeita garantiam que isto não significava qualquer entorse ao princípio da igualdade.
2 - O tenebroso governo de Passos Coelho decidiu que os funcionários públicos deviam trabalhar a barbaridade de 40 horas semanais, equiparando o tempo de trabalho ao que é prestado no sector privado.
3 - O governo patriótico de António Costa reverteu a medida, regressando os funcionários públicos a um horário semanal de 35 horas. Os trabalhadores do sector privado continuaram nas 40 horas. Pessoas lúcidas e acima de qualquer suspeita garantiram que isto não significava qualquer entorse ao princípio da igualdade. As mesmas pessoas garantiram que a redução do horário de trabalho não implicava quaisquer custos acrescidos para o Estado (e para os contribuintes) e que as horas perdidas de trabalho, em rigor, não eram necessárias.
4 - O governo patriótico de António Costa prepara-se para integrar na função pública dezenas de milhares de precários com os respectivos custos para os contribuintes. Pessoas lúcidas e acima de qualquer suspeita garantem que o trabalho destes precários é absolutamente necessário apesar de terem jurado que as 5 horas a menos que os funcionários públicos trabalham agora por semana não eram de todo necessárias.
5 - Ninguém pergunta, ninguém questiona. Ninguém quer saber.

4 comentários

  • Sem imagem de perfil

    Alexandre Policarpo 01.05.2017

    A Suécia tem uma população identica a Portugal, tem menos 300 ou 400 mil habitantes, mas tem um PIB 2,5 vezes superior a Portugal e tem um rendimento per capita de 50300 dólares e Portugal tem um RPC de 19200 dólares. A Suécia pode dar-se a esse luxo sem afectar os rendimentos das pessoas, das empresas e do país. Portugal, que é um país "adiantado" também pode. Mas só à custa da caridade alheia e de três bancarrotas em 40 anos.
    É muito fácil de perceber isto.
  • Sem imagem de perfil

    Luís Silva 01.05.2017

    Concordo com tudo o que disse. Em termos económicos não há-de falhar nada. Em termos sociais é que a porca torce o rabo. Sabemos também que se forem controlados os "desvios" nas obras públicas e imparidades de milhares de milhões na banca podemos usufruir de um luxo igual ao dos suecos.
  • Sem imagem de perfil

    Terry Malloy 01.05.2017

    Não podemos nada, caro amigo.

    Apenas pela razão que o nosso regime não permite/nós não conseguimos [riscar o que não interessa] criar IKEAs, VOLVOs, SAABs, ERICSSONs, H&Ms, etc...

    Algum dia chegaremos à maturidade suficiente para perceber que os países mais desenvolvidos são os que conseguem criar as maiores empresas.
  • Comentar:

    Mais

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog tem comentários moderados.