Sobre o manifesto (9)
- O que acha do manifesto dos 70, que agora são 74 ou 75, fora os 74 estrangeiros?
- Há que falar verdade: sou contra a reestruturação da dívida.
- Porquê?
- Mas devemos ser nós a mandar no nosso País!
- Quem manda é quem paga e nós não mandamos nada. Este foi um princípio por que sempre me guiei. Até na educação dos meus filhos. E pode crer: a situação não se resolve em dois ou três anos. Para se chegar a bom termo, para que estes sacrifícios valham a pena, é preciso que não sejam desperdiçados em manobras políticas talvez convenientes mas intoleráveis.
- Muitos de nós temos a esperança de que os nossos credores acabem por perdoar uma parte substancial da dívida pública portuguesa.
- Que não se criem ilusões, porque nada pior do que expectativas frustradas que alimentam a revolta.
- O dinheiro há-de vir sempre de algum lado...
- Nós estamos em ruptura financeira e quem o encobrir não está a falar verdade aos portugueses.
- Mas...
- E digo mais: tudo será inútil se, na ânsia de falsos louros, ao primeiro sinal positivo se recuar no rumo traçado.
- No entanto Francisco Louçã diz que...
- Louçã? Imagina-o eleito primeiro-ministro? Eu não quero imaginá-lo nessas funções.