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Delito de Opinião

Isaltino Morais: «Irrita-me a hipocrisia, o falso moralismo e a brigada da ética»

Quem fala assim... (9)

Pedro Correia, 15.08.20

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«Trago sempre muita coisa nos bolsos. Costumo dizer que o bolso é o meu escritório»

 

Quando o entrevistei, já desempenhava as funções actuais é presidente da Câmara de Oeiras, enquanto independente, repetindo o que fizera enquanto militante do PSD. Ao telefone, foi fluente e de resposta fácil, proporcionando-me dois ou três bons títulos à escolha. Vê-se bem que anda há muitos anos nisto.

 

Tem medo de quê?

Da inveja e da maledicência.

Gostaria de viver num hotel?

Não. Um hotel é sempre impessoal. Gosto do espaço organizado ou desorganizado por mim.

A sua bebida preferida?

Água. Gosto muito de cerveja, mas só a água tira a sede.

Tem alguma pedra no sapato?

Tenho várias, mas posso arrumá-las num canto do sapato para que não façam muita mossa.

Que número calça?

41.

Que livro anda a ler?

Estou a ler Um Alfaiate em Hong Kong, da minha amiga Ângela Leite. É o terceiro livro que publica.

Tem muitos livros à cabeceira?

Tenho na casa de banho: livros de política, de gestão, romances... Leio muito na casa de banho.

A sua personagem de ficção favorita?

O Tintim.

Rir é o melhor remédio?

Pode não ser o melhor remédio, mas é sem dúvida uma excelente terapia. Costumo rir-me todos os dias. Rio-me dos outros e de mim próprio.

Lembra-se da última vez em que chorou?

Não sou choramingas, mas choro com alguma facilidade. O drama humano emociona-me sempre. Um genuíno gesto de amizade também.

Gosta mais de conduzir ou de ser conduzido?

Em geral, prefiro conduzir.

É bom transgredir os limites?

Estamos sempre a transgredir. Faz parte da natureza humana.

Qual é o seu prato favorito?

Modéstia à parte, sou um excelente cozinheiro. E gosto muito de pratos tradicionais da cozinha portuguesa - feijoada, cozido, carne assada no forno, cabrito assado... Mas o meu prato favorito são cascas de botelo (uma espécie de cozido, à transmontana, com enchidos, presunto e vagens de feijão verde secas).

Qual é o pecado capital que pratica com mais frequência?

A gula é o único pecado que costumo cometer. Mais nenhum.

A sua cor preferida?

É o verde.

Costuma cantar no duche?

Canto fados de Coimbra, que são os que estavam em voga quando tinha 18 anos. Depois dessa idade não aprendi mais canção nenhuma.

E a música da sua vida?

Talvez L' Important C'est la Rose, do Gilbert Bécaud.

Sugere alguma alteração ao hino nacional?

Não sugiro alteração alguma. A letra deve ser entendida como metáfora: o combate aos canhões pode transformar-se no combate à fome e à pobreza.

Com que figura pública gostaria de jantar esta noite?

Com Eunice Muñoz.

As aparências iludem?

Quase sempre.

Qual é a peça de vestuário que prefere?

O casaco. Por uma razão prática: trago sempre muita coisa nos bolsos. Costumo dizer que o meu bolso é o meu escritório.

Qual é o seu maior sonho?

Ter mais tempo para mim.

E o maior pesadelo?

Não tenho pesadelos.

O que o irrita profundamente?

A hipocrisia, o falso moralismo, a brigada da ética.

Qual a melhor forma de relaxar?

Sentarmo-nos numa esplanada a ver a paisagem passar por nós.

O que faria se fosse milionário?

Faria exactamente o mesmo que faço hoje.

Uma mulher bonita?

Angelina Jolie.

Acredita no paraíso?

Acredito. O paraíso constrói-se todos os dias.

Tem um lema?

Fazer bem feito, à primeira vez.

 

Entrevista publicada no Diário de Notícias (25 de Outubro de 2008)

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