Manuel Monteiro: «Nunca devemos confundir a política com a amizade»
Quem fala assim... (29)
«Um amor frustrado é algo que marca qualquer pessoa para sempre»
Foi líder do CDS durante entre 1992 e 1998. Mais tarde viria a fundar - sem sucesso algum - o efémero Partido da Nova Democracia. Manuel Monteiro, hoje regressado ao seu partido de origem, foi comedido a responder nesta entrevista telefónica que lhe fiz. Mas revela qual é o pecado capital que pratica com mais frequência: o orgulho. Zorro é o seu herói favorito.
Qual foi a maior decepção que sofreu até hoje?
Foi a primeira paixão não correspondida. Penso que um amor frustrado é algo que marca qualquer pessoa para sempre.
Com quem gostaria de jantar esta noite?
Com Claudia Schiffer.
A sua bebida preferida?
Coca-Cola.
Que número calça?
41.
Gostaria de viver num hotel?
Não. Com toda a franqueza, gosto muito de hotéis, mas só de passagem. Para viver não. Já estive cerca de três semanas seguidas num hotel e cheguei rapidamente à conclusão de que nada substitui a nossa casa.
Que livro anda a ler?
O Grão-Mestre dos Templários, de Inès Nollier, editado pela Nova Arrancada. Ela é autora de várias obras relacionadas com a Idade Média. O tema fascina-me: sou um apaixonado por tudo quanto diga respeito aos templários e ao Santo Graal.
Qual é a sua personagem de ficção favorita?
O Zorro.
A sua cor preferida?
Vermelho. Nem poderia ser outra, como benfiquista que sou. Além disso o vermelho é também uma das cores oficiais do Partido da Nova Democracia [dissolvido em 2015].
Que temas musicais gosta de ouvir?
Vario muito. Escuto, sempre que posso, qualquer ária de ópera interpretada pelo grande Luciano Pavarotti. Gosto também muito de ouvir cantores portugueses tão diferentes mas de inegável qualidade como a Dulce Pontes e o Pedro Abrunhosa.
Costuma cantar no duche?
Quando estou muito contente, costumo.
Amizade e política devem ser indissociáveis?
A prática demonstra que Maquiavel estava cheio de razão: nunca devemos confundir a política com a amizade. Nem sempre segui esta regra, confesso. Mas hoje reconheço que quanto maior for a separação entre amizade e política maior serão as probabilidades de sucesso.
Que pecado capital pratica com mais frequência?
A que pecados se refere concretamente?
A um dos sete pecados mortais.
O orgulho, sem dúvida.
Mas olhe que tem fama de ser avarento...
Admito que sou poupado, o que, convenhamos, é bastante diferente de ser avarento.
Gosta mais de conduzir ou de ser conduzido?
Gosto mais de ser conduzido - de automóvel, bem entendido. Mas, como conduzo imenso, acabam por ser raras as pessoas em quem confio para guiarem quando estou a bordo. Mas não faço questão de ser eu a conduzir. Se puder ir no banco reservado ao passageiro a apreciar a paisagem circundante, tanto melhor.
O que o faz irritar profundamente?
O sentimento de desânimo, muito frequente em diversas pessoas. Não gosto de vê-las desistir muito facilmente mal aparece o primeiro obstáculo na primeira curva do caminho. Isso irrita-me profundamente.
Casamentos gay: de acordo?
Não.
Um exemplo de mulher bonita na política?
Embora retirada, continua a ser Leonor Beleza.
Os portugueses primeiro e os estrangeiros depois?
Sempre.
Acredita no paraíso?
Sim.
Tem um lema de vida?
Tenho: ser perseverante. Considero fundamental a perseverança no ser humano. Ser perseverante é ser lutador. Implica não desistir. Implica também entender as derrotas essencialmente como etapas que não nos podem nem devem desviar do objectivo final, que é a vitória.
Entrevista publicada no Diário de Notícias (12 de Maio de 2007)