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Delito de Opinião

Vítor Espadinha: «Sonho com muitas vezes com a Jennifer López e a Sharon Stone»

Quem fala assim... (11)

Pedro Correia, 29.08.20

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«O pecado capital que pratico com mais frequência? Cobiçar a mulher do próximo»

 

Assume-se como galã à moda antiga, sem deixar de distribuir piropos a mulheres várias, como esta entrevista comprova. De improviso, ao telefone, e com gargalhadas à mistura. Actor com muita rodagem, o intérprete do sucesso discográfico Recordar é Viver não se atrapalha com as perguntas. É ler para crer.

 

Tem medo de quê?

Da falta de saúde.

Gostaria de viver num hotel?

Não. Já vivi em muitos hotéis, quando andava em digressões, e não aguento.

A sua bebida preferida?

Um vinho de qualidade.

Tem alguma pedra no sapato?

Tenho. Estava com a minha carreira teatral lançada em Londres quando um dia acordei, li o Evening Standard e descobri uma fotografia de uns soldados em cima de blindados e com flores nas espingardas. Fiz logo as malas e voltei para Portugal. Estou muito arrependido.

A propósito: que número calça?

41.

Que livro anda a ler?

Ando a ler um livro do José Luís Peixoto. Chamado Livro, precisamente.

A sua personagem de ficção favorita?

As personagens dos filmes com Jean Gabin.

Rir é o melhor remédio?

É um dos melhores.

Chorar não é?

Chorar, não. A não ser por fingimento, quando representamos um papel teatral ou na televisão. Os bons caracterizadores encostam-nos um produto à cara, com cheiro a mentol, e durante a meia hora seguinte não paramos de chorar.

Lembra-se da última vez em que chorou?

Lembro. Foi com mentol, numa telenovela chamada Podia Acabar o Mundo, em que interpretava o papel de um vagabundo que era também fotógrafo.

Gosta mais de conduzir ou de ser conduzido?

Se fosse muito rico, tinha carro com motorista e seguia no banco de trás, muito confortável, a ler o Financial Times. Como não sou rico, adoro conduzir.

É bom transgredir os limites?

Depende dos limites. E também depende daquilo de que falamos. Às vezes quanto mais se abusa melhor sabe. Outras coisas não têm graça nenhuma - e quando se abusa delas muito menos.

O seu prato favorito?

Favas com chouriço.

Qual é o pecado capital que pratica com mais frequência?

Cobiçar a mulher do próximo.

A sua cor preferida?

Depende. No futebol é o verde. Na paisagem, o azul é muito bonito. Numa mulher, o preto é lindíssimo. As cores dependem muito do contexto em que se situam.

Costuma cantar no duche?

Não. No duche costumo pensar.

E a música da sua vida?

Tenho várias. Quase todas do Aznavour. She, por exemplo.

Sugere alguma alteração ao hino nacional?

Sim. Contra os canhões ninguém marcha, a menos que seja suicida. O autor não estava muito inspirado quando compôs a letra.

Parece-lhe bem a actual bandeira nacional?

Enquanto não tiver lá a cara do Sócrates, aguenta-se bem. Só falta vê-lo aparecer no lugar da esfera armilar.

Com que figura pública gostaria de jantar esta noite?

Com a Jennifer López e a Sharon Stone. Aliás tenho sonhado muitas vezes que janto com elas. Só lamento que elas não saibam disso.

As aparências iludem?

Muito.

O que é que um verdadeiro cavalheiro nunca faz?

Deixar de gostar de mulheres.

O que é que uma verdadeira senhora nunca faz?

Dizer, noite após noite, que tem dores de cabeça.

Qual é a peça de vestuário que prefere?

Em certas ocasiões gosto muito de um fato à maneira.

Qual é o seu maior sonho?

Algo muito difícil para um português em Portugal: ter sempre trabalho.

E o maior pesadelo?

Não ter trabalho.

O que o irrita profundamente?

A estupidez.

Qual a melhor forma de relaxar?

Um bom banho. De preferência acompanhado.

O que faria se fosse milionário?

Penso muito nisso. A primeira coisa que fazia era construir um teatro. Sem a mão do Estado, para não estragar. Há meia dúzia de milionários portugueses que podiam fazer o mesmo.

Casamentos gay: de acordo?

Nada tenho contra as ligações entre gays. Mas o casamento dá-me vontade de rir.

Uma mulher bonita?

A Alexandra Lencastre.

Acredita no paraíso?

Não. Tenho muitas dúvidas sobre a vida para além da morte.

Tem um lema?

«Versos são pedaços de carne que, a sangrar, / servem de pensos a poetas doutorados / e que outras tantas carnes vão curar / pedaços de corpos amargurados». É um lema.

 

Entrevista publicada no Diário de Notícias (19 de Fevereiro de 2011)

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