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Delito de Opinião

Quantitative (Un)Easing

José António Abreu, 19.01.15

Os analistas já estão, contudo, a tentar antecipar o nível de eficácia que esta medida, a confirma-se, terá. Alberto Gallo, economista do Royal Bank of Scotland, diz que “por si só, o programa Q.E. terá um impacto limitado”. “Produzirá um efeito através das exportações e da desvalorização da divisa mas não tanto através do efeito-riqueza ou do ponto de vista do investimento/consumo ou, ainda, da expansão do crédito”.

O próprio Mario Draghi, presidente do BCE, já reconheceu que a política monetária, por mais medidas que a instituição tome, não conseguirá, sozinha, acelerar a recuperação económica na zona euro. Em entrevista recente, Draghi disse que “são necessários mais progressos estruturais importantes – mercados de trabalho mais flexíveis, menos burocracia, impostos mais baixos”. O jornalista do Handelsblatt perguntou: “Pode ser um pouco mais específico, Sr. Presidente? Que países da zona euro precisam de fazer mais esforços?”. “Todos, respondeu.

De um artigo no Observador, sobre o programa de compra de dívida pública por parte do BCE.

 

Já se percebeu que vários países apenas implementarão reformas significativas quando forçados a isso. Ao aliviar a pressão, não apenas o quantitative easing falhará como terá efeitos contraproducentes. A Europa poderia perder os anéis mas salvar os dedos. Fechando os olhos à realidade (a conjuntura económica e demográfica das décadas pós-Segunda Guerra Mundial já não existe) e recusando ajustar o modelo de organização pública então criado (serviços, prestações sociais, burocracia, estruturas políticas) às disponibilidades do presente, acabará perdendo também alguns dedos.

 

P.S.: Neste contexto, que António Costa (com entusiástico apoio de Rui Rio) tenha decidido voltar a propor a implantação de mais um nível político-administrativo em Portugal só pode constituir prova de insanidade.

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