PSD e IL a subir, PS e BE a descer
Esta foi a primeira sondagem feita após os debates televisivos entre os líderes dos partidos concorrentes às legislativas.
Permite concluir o seguinte:
- PS cada vez mais longe da maioria absoluta;
- PSD encurta distância;
- Na disputa pelo terceiro lugar, Chega ganha vantagem;
- Costa quer formar governo com PAN e Livre, mas não há sequer certeza de que estes partidos elejam deputados;
- CDS arrisca-se a desaparecer do mapa parlamentar;
- Na recta final da campanha, vai reforçar-se a tendência para o voto polarizado nas duas principais forças políticas. Até por efeito do mapa eleitoral ainda vigente neste país que chega sempre tarde a todas as reformas, como o Paulo Sousa aqui acentuou.
E os debates, como se reflectiram nestas intenções de voto agora divulgadas pela Universidade Católica?
Sublinho algumas evidências:
- PSD e Iniciativa Liberal foram os partidos mais beneficiados, fruto das boas prestações televisivas de Rui Rio e João Cotrim Figueiredo;
- BE e PAN, por contraste, foram os mais prejudicados. No caso do partido animalista, devido ao fraquíssimo desempenho da sua dirigente máxima. O problema do Bloco é de outra ordem: este será o partido mais responsabilizado pelos eleitores por ter precipitado a crise política de Outubro.
- E o PS? Os debates não lhe correram muito bem, é verdade. Mas esta quebra nas intenções de voto resulta sobretudo de três outros factores conjugados: António Costa acusa um notório desgaste físico, muitos portugueses cansaram-se deste governo que não chegou a ser remodelado em tempo útil e a chamada "fadiga pandémica" está largamente associada à imagem do primeiro-ministro.
Costa, que tantas vezes foi gozando com a frase (apócrifa) de Passos Coelho sobre uma suposta "vinda do diabo", ainda acabará por morder a língua. Porque o diabo chegou mesmo, em forma de pandemia. A nove dias do apuramento dos votos, Portugal é o quarto país da Europa e o sexto do mundo com mais infecções por covid-19 e há cerca de 800 mil eleitores em risco de isolamento.