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Delito de Opinião

PS há dois meses: prenúncio do pesadelo

Pedro Correia, 22.05.25

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É fácil, demasiado fácil, fazer o totobola à segunda-feira. Sorrio ao ver alguns sábios surgidos por aí com certezas adquiridas sobre a eleição parlamentar de 18 de Maio - depois de ela ter acontecido. 

Ainda com um sorriso, lembro as notas que aqui deixei em tempo útil sobre o comportamento errático de Pedro Nuno Santos, líder sem talento nem capacidade para segurar o leme do PS. Foi a 25 de Março, na sequência imediata da eleição regional na Madeira - outra estrondosa derrota do efémero caudilho socialista.

Permitam-me a autocitação nos parágrafos que se seguem. Dois meses decorridos, creio vir muito a propósito.

 

Escrevi isto:

«A 18 de Maio a maioria dos eleitores portugueses penalizará os partidos que a 11 de Março chumbaram a moção de confiança apresentada pelo Governo na Assembleia da República.

Por motivos diversos que passo a resumir.

Sentem mais dinheiro de salários e pensões no bolso, foram aliviados na carga fiscal, viram 17 carreiras da administração pública requalificadas e valorizadas - professores, militares, diplomatas, polícias, bombeiros, médicos, enfermeiros, guardas prisionais, oficiais de justiça... Mas também encaram com maus olhos o derrube de um Executivo que estava apenas há onze meses em funções, sem conseguir provar o que verdadeiramente vale, e já desistiram de deslindar o enredo da Spinumviva, variante da telenovelização mexicana do famigerado "caso das gémeas", agitada pelo Chega, com a comunicação social atrás, para no fim dar em nada. Serviu apenas para este partido, no tom boçalóide que o caracteriza, urrar contra o Presidente da República, a quem chama «traidor à pátria», enquanto hoje berra contra o «corrupto» Luís Montenegro.»

 

E mais isto:

«Para o triunfo eleitoral, Pedro Nuno Santos dispõe de via mais estreita do que Montenegro. Votou demasiadas vezes ao lado de André Ventura na AR. Teve um desempenho controverso e contestável como ministro - em questões tão diversas como a indemnização a uma ex-administradora da TAP e a localização do aeroporto. E tem sido incapaz de evitar fracturas no seu partido, como ficou patente nas recentes críticas de Fernando Medina e Pedro Siza Vieira ao voto do PS na moção de confiança.

Talvez mais tarde se diga que a eleição na Madeira funcionou como prenúncio. Não tardaremos a saber.»

 

Prefiro assim. Pronunciar-me antes, com os cenários todos em aberto. «Prever» o que já aconteceu não tem a menor graça.

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