PS em congresso (10)
António Costa falou bem a abrir e a fechar um congresso que pouco teve de empolgante - como era de prever, dadas as circunstâncias. É certo que quase nada detalhou das receitas que preconiza para o crescimento económico do País e a sua reiterada intenção de obter maioria absoluta nas legislativas parece um alvo inalcançável. Mas interpelou com vigor as forças à sua esquerda, exigindo que abandonem o gueto do protesto. Demonstrou sensibilidade social com a surpreendente homenagem às vítimas de violência doméstica. Declarou que continuará a celebrar com orgulho o dia da restauração da independência, que o Governo absurdamente riscou da lista dos feriados nacionais. E sobretudo vincou a sua autoridade, impondo que a questão Sócrates ficasse à margem dos trabalhos e dos discursos.
Este era o principal desafio e acabou por ser ganho - em benefício do partido e, por extensão, da democracia portuguesa. Porque um PS que permaneça órfão ou refém do rasto de Sócrates será incapaz de trilhar com sucesso as rotas do futuro.