Dê um passeio pelas nossas serras mais profundas, onde tudo é perto visto no mapa, mas o traçado e o perfil dos caminhos obriga a mil cuidados. Verá a dificuldade enorme em gerir um território disperso e com uma orografria terrível. Não há território tão difícil como o nosso na Europa a não ser a zona balcânica. As juntas de freguesia são aí elemento primordial para o exercício da gestão, da liberdade e da democracia. E o custo é insignificante. Muitas vezes à conta dos próprios autarcas. É preciso sair das avenidas novas para se perceber em que país se vive.
As freguesias funcionam, em largas regiões do nosso país, como factor de coesão social. Isso não invalida que fosse claramente excessivo o número existente: mais de quatro mil. Isto num país onde as vias de comunicação abertas nas últimas duas décadas tornaram todas as distâncias muito mais curtas pois possuímos o segundo maior índice europeu (e quarto mundial) de relação entre habitantes e quilómetros de asfalto. Muitas freguesias tinham menos de cem eleitores. E de modo algum se justificava a existência em Lisboa de freguesias com duzentos e poucos eleitores.