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Delito de Opinião

Presidente sofre

Paulo Sousa, 25.06.24

Em resultado das dinâmicas da Guerra Fria, ou do espírito daquele tempo se assim preferirem, a forma como Jean-Bedel Bokassa chegou ao poder, e o exerceu, nunca pareceu importar à França, antiga potência colonial da República Centro Africana. O perigo soviético, cuja influência avançava em África ao ritmo de cada nova independência, justificava que se olhasse para o lado de forma a poder assegurar influência neste imenso território pejado de riquezas minerais.

Em 1969, Charles De Gaulle nomeou Bokassa como chefe de Estado, chefe de governo, presidente do partido único e ministro centro-africano da Informação, recebendo-o oficialmente para jantar no Eliseu. Reconhecido por tal generosidade, o antigo combatente que na Segunda Guerra Mundial se colocou ao lado das Forças Livres Francesas, entendeu tratar o presidente francês por “papá”. “Não me trate por papá!” terá dito De Gaulle embaraçado. “Oui, papá” terá respondido Bokassa.

Trago aqui este episódio em desagravo do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que igualmente embaraçado, terá recebido um email de um maluco qualquer, que lá por ser não sei o quê de uma Câmara de Comércio não sei de onde, o desatou a tratar por pai para aqui, pai para ali, se o pai puder ajudar, obrigado pai… dá mesmo vontade de dizer que vá chamar pai a outro! Ao que uma pessoa se sujeita para poder servir o país. Ninguém lhe dá o devido valor, é o que é.

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