Presidenciáveis (61)
José Eduardo Moniz
Eram açorianos os dois primeiros Presidentes da República Portuguesa: Manuel de Arriaga (natural da cidade da Horta) e Teófilo Braga (de Ponta Delgada). Há precisamente cem anos que os Açores deixaram de estar representados no Palácio de Belém por um filho da terra. É mais que tempo de poder ser retomada a tradição, que remonta a 1910.
Exceptuando Pauleta, talvez o açoriano mais conhecido dos seus compatriotas seja o micaelense José Eduardo Moniz. Dirigiu durante largos anos a RTP, depois foi director-geral da TVI, que sob o seu comando se tornou líder de audiências. Falando português em horário nobre sem sotaque brasileiro.
Este nativo do signo Touro chega aos 63 anos, após uma longa carreira no jornalismo, como vice-presidente do Benfica, onde é responsável pela área da comunicação - designadamente ao nível da televisão do clube, que goleou a concorrência ao conseguir o exclusivo para Portugal dos jogos do campeonato inglês.
Moniz detesta perder, nem a feijões - no futebol e fora dele. Este é um atributo dos políticos - um mundo que o ex-director da RTP bem conhece por experiência directa e por via conjugal (é casado com Manuela Moura Guedes, que chegou a ser efémera deputada do CDS e mais tarde assombraria os serões de José Sócrates como apresentadora do Jornal Nacional da TVI).
Seria inimaginável uma "candidatura de cidadania", apoiada por eleitores sem filiação partidária que recusam mais do mesmo e gostariam de ver pela primeira vez um benfiquista assumido ocupar o Palácio de Belém? Moniz, que tem o apelido do conquistador de Lisboa, talvez não se importasse de disputar tal desafio. E tomem nota: ele nunca joga para o empate. O segundo lugar, como se diz na gíria da bola, é o primeiro dos últimos.
Prós - Seria inaugurada, com ele ao leme, a Belém TV (não por acaso com a sigla BTV), tendo como prato forte da emissão o programa Alô Presidente, e a sede da Presidência da República amanheceria pintada de encarnado para manter acesa a "chama imensa" de seis milhões de benfiquistas. Rui Costa seria o Chefe da Casa Civil, com a missão de assegurar "transições ofensivas" destinadas a prevenir ou remediar conflitos institucionais. Enfim, haveria um inquilino em Belém capaz de ler discursos sem ser monocórdico.
Contras - Não faltaria quem lhe descortinasse tentações totalitárias: seria ele capaz de transformar Portugal num imenso Big Brother? Os jardins de Belém, que por vezes recebem visitas do público, tornar-se-iam Jardins Proibidos. Para alguns, ver Manuela Moura Guedes como Primeira Dama seria como subir à Barca do Inferno. Sendo o Estado laico, abundariam críticas a um Presidente devoto de Jesus.