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Delito de Opinião

Presidenciáveis (55)

Pedro Correia, 26.05.15

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Ana Drago

 

Um Presidente da República não tem que ser um senhor já grisalho, de pose senatorial, sobrolho franzido e gesto circunspecto. A regeneração republicana que tantos defendem poderá passar por alguém com um rosto fresco, capaz de trazer efectiva novidade à cena política e mobilizar a enorme massa de abstencionistas, em grande parte composta por eleitores com idade inferior a 35 anos - muitos dos quais nunca exerceram o direito de voto que tão duramente a geração anterior conquistou.

Experiência política, currículo académico, sólida formação intelectual, sensibilidade apurada para as questões sociais: eis atributos que não faltam a Ana Drago, que na corrida a Belém poderia dar voz à corrente jovem, aparentemente tão alheada dos mecanismos da democracia representativa.

Esta socióloga algarvia, nascida há 39 anos sob o signo Virgem em Vila Real de Santo António, com raízes aristocráticas locais, começou a tornar-se conhecida em 2000, ainda com cara de menina, num programa da RTP ao lado do psiquiatra Daniel Sampaio e do jornalista Luís Osório. O programa chamava-se Conversa Privada mas não tardou a transformar em figura pública esta miúda franzina que então usava óculos e já tinha uma espantosa capacidade de expressão verbal.

A miúda tornou-se graúda, ma non troppo. E graduou-se como parlamentar qualificada, em duas legislaturas, na primeira fila do Bloco de Esquerda, de que foi dirigente nacional. A ala mais moderada do BE apostou nela como sucessora de Francisco Louçã. Ganhou Catarina Martins, actriz, e ela ficou para trás. Recuou a tal ponto que acabou por abandonar o partido, hoje Bloco só no nome. Com esta baixa o BE perdeu mais que ela.

 

Prós - É uma das vozes mais moderadas da chamada esquerda radical, capaz de falar sem recorrer a nenhum dos típicos chavões desta área política. Seria a mais jovem candidata de sempre a Belém, mas convém não esquecer que Ramalho Eanes era pouco mais velho - tinha apenas 41 anos - quando assumiu a Presidência, em Julho de 1976. Daria conteúdo prático ao imaginativo título de um livro que escreveu sobre o movimento estudantil anti-propinas em ela participou na década de 90: Agitar Antes de Ousar.

 

Contras - O apelido dela, conotado com dragões, é pouco apelativo para leões e águias. A dupla cisão bloquista em que milita - Livre/Tempo de Avançar - goza de boa imprensa mas quase ninguém percebeu ainda muito bem o que é fora do eixo alfacinha Chiado-Príncipe Real. Conserva um ar juvenil: ninguém diria que está quase a apagar 40 velas do bolo de aniversário, algo que só numa candidatura presidencial pode ser defeito.

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