Presidenciáveis (50)
Alexandre Soares dos Santos
Num país onde tantos se pronunciam a meia-voz, ele destaca-se por dizer aquilo que realmente pensa. Falando do alto do seu império familiar, que dá cartas no sector da distribuição, Alexandre Soares dos Santos vai lançando anátemas sobre políticos da vida real à hora a que metade dos portugueses se entretêm a ver telenovelas.
Já livre de responsabilidades directas na administração do grupo Jerónimo Martins, agora liderado pelo seu filho Pedro, poderia sentir-se impelido a exercer "magistratura de influência" num palácio cor-de-rosa à beira-Tejo onde alguns inquilinos se limitaram até hoje a ver passar navios.
Não seria certamente o caso deste empresário nascido há 80 anos sob o signo Balança. Soares dos Santos gosta de chamar as coisas pelos seus nomes, sem vender gato por lebre. Por vezes as suas palavras podem até conter um Pingo Doce, mas deixam um travo amargo ao Estado a que isto chegou.
Prós - Alexandre, nome de imperador, fica sempre bem num candidato mesmo que Portugal já tenha perdido o império. Haveria um previsível reforço das relações entre Portugal e a Holanda, para onde o grupo Jerónimo Martins transferiu parte dos dividendos, que ali beneficiam de maior benevolência fiscal. Poupado nas viagens, ninguém o veria noutro Continente.
Contras - Era capaz de pôr o País a trabalhar no 1º de Maio, como fez na sua rede de distribuição, e lá ia mais um feriado parar ao baú de recordações. A CGTP acamparia no jardim fronteiro a Belém, em protesto permanente contra o "patronato reaccionário". O velho Museu dos Coches, que em tempos foi picadeiro real, poderia ser transformado num hipermercado.