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Delito de Opinião

Presidenciáveis (48)

Pedro Correia, 14.05.15

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Manuel Monteiro

 

Quando chegou à presidência do CDS, que logo se apressou a baptizar como Partido Popular, não tinha ainda idade mínima para candidatar-se ao Palácio de Belém: com menos de 35 anos ninguém se senta no cadeirão agora ocupado por Aníbal Cavaco Silva.

Olha-se hoje para Manuel Monteiro e conclui-se que o tempo passa mesmo muito depressa. O rapaz magrizela de 29 anos que sucedeu ao histórico Adriano Moreira como dirigente máximo dos democratas-cristãos já é cinquentão e fala com a pose senatorial que criticava nos veteranos de outros tempos.

A política é a arte de bem gerir o tempo. Mas o jovem Monteiro, apressado, não soube aguardar que a locomotiva do poder passasse à sua porta. Se fosse uma pessoa mais paciente, talvez já tivesse chegado a vice-primeiro-ministro num governo de coligação.

Alcançado um prematuro brilharete nas legislativas de 1995, em que viu duplicada a votação do CDS e triplicado o seu grupo parlamentar, este nativo de Carneiro confirmou com pasmo como a observação de Churchill conserva plena actualidade: os adversários estão fora, os inimigos estão dentro.

Eurocéptico antes do tempo, com um discurso anti-Bruxelas uma década antes de se tornar moda, abandonou o partido em que militava desde a adolescência, fundou outro condenado à irrelevância desde o berço e retirou-se enfim para um recatado percurso académico. Aos 53 anos, amadureceu o suficiente para perder muitas ilusões mas é demasiado jovem para escrever as suas memórias, sentado na varanda ou à lareira.

«Quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um destino», ensinou outro Adriano, revisitado por Marguerite Yourcenar. Nunca os ventos foram tão propícios para a direita soberanista que encontra Manuel Monteiro como um dos arautos em Portugal. Terá o "golpe de loucura" suficiente para correr rumo a Belém?

 

Prós - Manuel é nome muito presidenciável: já houve três inquilinos em Belém com este nome (Manuel de Arriaga, Manuel Teixeira Gomes e Manuel Gomes da Costa). Permanece um espaço por preencher à direita, que não se revê na actual coligação e poderia ser desviado da abstenção com a sua candidatura.  Paulo Portas, irrevogavelmente, não votaria nele.

 

Contras - A imagem de pós-adolescente a que muitos ainda o associam. O seu errático percurso pós-CDS: a Nova Democracia não tardou a tornar-se velha. Transmite a sensação de que tem hoje pela política uma alergia que nenhum anti-histamínico consegue combater.  Paulo Portas, irrevogavelmente, não votaria nele.

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