Presidenciáveis (42)
José Silva Peneda
Falta alguém com sensibilidade social em Belém? Pois aí têm essa pessoa: o presidente cessante do Conselho Económico e Social, que nesta qualidade assinou alguns dos documentos mais contundentes contra a austeridade que ficaram a marcar a era da tróica em Portugal.
Conotado com o cavaquismo puro e duro, amigo do ainda inquilino de Belém, José Silva Peneda foi um discreto ministro do Emprego e da Segurança Social em dois governos de Aníbal Cavaco Silva. Mas soube compensar esse período de ausência das manchetes jornalísticas pelas suas mais recentes funções: era rara a semana em que os críticos do Governo PSD/CDS não citavam um parágrafo produzido pelo CES. E quase fizeram de Silva Peneda o seu herói.
Este nativo do signo Gémeos, de 64 anos, está na reserva da república. Mobilizável a qualquer momento, como se dizia no tempo dos nossos egrégios avós.
Prós - O mediatismo dos últimos anos: agradou a uma certa esquerda sem desagradar em excesso a uma certa direita conotada com o catolicismo social. Opõe-se ao aborto ortográfico. Silva é um apelido que o liga ao cidadão comum enquanto Peneda lhe confere uma aura de solidez.
Contras - Suavizou o pendor crítico do CES quando começou a constar que figurava na lista dos proto-candidatos a comissário europeu. Na altura, chegou a transmitir essa ambição de forma talvez demasiado franca. Preterido por Carlos Moedas, trocou o CES por Bruxelas, a convite de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia - um dos ramos da tróica, por sinal.