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Delito de Opinião

Presidenciáveis (33)

Pedro Correia, 09.04.15

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Assunção Esteves

 

O léxico político português, já a caminho de uma provecta idade após 40 anos de regime constitucional, precisa de ser renovado. E que melhor protagonista para essa renovação do que a presidente da Assembleia da República, fértil em criativos contributos para uma mudança radical dos hábitos políticos - pelo menos ao nível do vocabulário?

"O meu medo é o do inconseguimento de eu estar num centro de decisão fundamental a que possa corresponder uma espécie de nível social frustracional derivado da crise." Esta foi uma das declarações de Assunção Esteves que produziram mais eco no País. Nem todos a compreenderam devido à profunda iliteracia política ainda vigente neste cantinho ocidental da Europa.

Nunca uma mulher foi inquilina titular do Palácio de Belém - atavismo que seria combatido pela social-democrata Assunção Esteves, transmontana de 58 anos e signo Balança. Eleita deputada em 1987, com apenas 31 anos, passou uma legislatura no Parlamento Europeu (2004-09). Em 2011 ascendeu a segunda figura do Estado, como presidente do Parlamento. Outra originalidade: jamais tão distinta função havia sido antes desempenhada por alguém pertencente ao género feminino, o que deve ter aumentado o nível frustracional do marialvismo português.

 

Prós - É uma pessoa versada em letras, como ficou bem patente em 2013, ao citar Simone de Beauvoir no plenário da Assembleia da República, quando nas galerias reservadas ao público se escutaram sonoros protestos: "Não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes." Tem independência financeira, pois obteve aos 41 anos a pensão de reforma por inteiro após uma década como juíza no Tribunal Constitucional (7255 euros), o que lhe permitiu prescindir do salário de presidente da Assembleia da República (5219 euros), dada a impossibilidade de acumulação entre os dois vencimentos definida na legislação em vigor.

 

Contras - O orçamento da Presidência da República agravar-se-ia com a contratação de um contigente reforçado de tradutores-intérpretes destinados a clarificar as mensagens emanadas do Palácio de Belém. As crónicas sociais seriam inundadas de especulações em torno de candidatos a candidatos a Primeiro Cavalheiro desta dama que persiste em manter-se solitária.

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