Presidenciáveis (25)
Maria José Morgado
Não falta quem diga: é mais que tempo de termos finalmente uma senhora na suprema magistratura da república. E porque não a procuradora-geral adjunta mais célebre do País? Maria José Morgado levou para o Ministério Público o espírito combativo que já demonstrara nos idos de setenta, quando era uma aguerrida militante do MRPP. Trocou a cartilha maoísta pelo Código Penal, começou a usar maquilhagem e demonstrou que neste país de brandos costumes há quem saiba falar sem papas na língua.
Alguns colegas dirigem-lhe remoques mal disfarçados, alguns políticos detestam que ela lhes roube protagonismo mediático, alguns autarcas têm pesadelos em que ela lhes surge de lança justiceira na mão arvorada em Padeira de Aljubarrota do século XXI.
Tem 63 anos mas não perdeu uma certa aura adolescente. O que só lhe fica bem.
Prós - Diz aquilo que pensa sem pedir licença a ninguém. Certos barões do futebol não vão à bola com ela, o que lhe basta para render votos em vários estádios.
Contras - Não terá a personalidade mais adequada para "cooperações estratégicas" de qualquer espécie. As brigadas da correcção política podem persegui-la com memórias incómodas do seu maoísmo juvenil.