Presidenciais (9)
O VÍRUS DA INCOMPETÊNCIA
Em vez de andarem preocupad@s com as cores de batons, @s candidat@s presidenciais deviam preocupar-se com a saúde de milhares de portugueses que têm o dever de permanecer todo o próximo domingo junto das mesas de voto, conduzindo e fiscalizando o processo eleitoral.
Serão pelo menos 2500 cidadãos, nas 600 mesas de voto distribuídas pelo País. Em estado de emergência e na fase mais agressiva - e mortífera - da pandemia. Pessoas que estarão junto às urnas a receber e entregar cartões de cidadão e boletins de voto, durante horas a fio, em espaço fechado, previsivelmente sem ventilação, nesta época de invernia. Isto porque faltou vontade política para adiar este processo eleitoral, como o mais elementar bom senso recomendava.
Sem esquecer os cidadãos que também no domingo irão percorrer os lares de idosos com urnas eleitorais para recolher votos nesse mesmo dia - em moldes ainda por definir pelo Governo, pelas autarquias e pela Comissão Nacional de Eleições.
Pura navegação à vista, tudo ao sabor do imprevisto, medidas atrás de medidas tomadas em cima do joelho. Enquanto o ministro da Administração Interna contemplava, embevecido, as longas filas que se formaram anteontem junto das escassas mesas de voto disponíveis, atrevendo-se a compará-las à enorme afluência eleitoral registada nas presidenciais de 1976.
Aquelas 260 mil pessoas que se inscreveram para o voto antecipado tinham um objectivo: escapar às hipotéticas filas do domingo que vem. Azar: acabaram por esperar muito mais tempo para poderem votar. Algumas chegaram a aguardar duas horas, em condições dignas de um país do Terceiro Mundo e potenciadoras de novos contágios por Covid-19.
Um retrato perfeito do vírus da incompetência que tem atacado com força o Governo. E que, sem olhar a cores políticas, atacou também o que resta da suposta e silenciosa oposição.