Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Presidenciais (6)

Pedro Correia, 14.01.21

  7870227_haoau.jpeg

 

A PRIMEIRA VEZ

Lembro-me bem da emoção e do sentido de responsabilidade que senti ao votar pela primeira vez, aos 18 anos. O cuidado que tive ao analisar programas eleitorais e propostas dos candidatos - a "politizar-me", como então se dizia. Lembro-me bem da sensação de que, do ponto de vista da participação cívica, acabara de transpor uma etapa fundamental, atingindo a idade adulta.

Falo hoje com jovens de 18 anos e não encontro nada disso. Não sabem nada de política, não querem saber, não tencionam votar nem conhecem nenhum amigo que pense fazê-lo. Chegámos a isto, em quatro décadas de regime democrático.

Gostava de ver debatido nesta campanha o tema - cada vez mais preocupante, cada vez mais urgente - do progressivo divórcio entre os jovens e a democracia participativa. Nenhuma instituição sobrevive sem rituais - e nenhum deles é tão relevante como o voto. Acontece que os jovens portugueses - à semelhança do que vem sucedendo na generalidade dos países europeus - não votam, em larga percentagem, sem que isso pareça causar a mínima preocupação aos candidatos nem aos comentadores enredados no politiquês dos serões televisivos. Os políticos falam para serem escutados pelos comentadores e estes falam para serem escutados pelos políticos, num circuito fechado que apenas contribui para pôr os eleitores ainda mais à distância.

Pressinto que estas serão umas presidenciais marcadas pela maior taxa de abstenção de sempre, com destaque para a abstenção dos eleitores com menos de 30 anos.

Há sete candidatos, com uma média de idades de 50,5 anos (o mais velho tem 72 anos, o mais novo festeja amanhã o 38.º aniversário). Até agora, não ouvi uma palavra de qualquer deles sobre a deserção dos jovens. Apesar de poucos temas terem a gravidade que este tem.

4 comentários

  • Sem imagem de perfil

    jj.amarante 14.01.2021

    "...em cada cinco que iam três ficavam lá..." não é uma frase séria. Existiam companhias de duzentos e tal homens que vinham com duas baixas em combate ao fim de dois anos. Tratava-se de uma guerra de desgaste.
  • Sem imagem de perfil

    Anónimo 16.01.2021

    O Excelentíssimo Senhor devia pertencer lá ás elites. Nem se apercebiam dos que tombavam, dos que eram carne para canhão e andavam lá á frente, recrutas...os mais "baixinhos" ...
  • Imagem de perfil

    Pedro Correia 16.01.2021

    A partir de agora, este sub-debate fica encerrado a quem aparecer anónimo. Se quer debater, identifica-se.
  • Comentar:

    Mais

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog tem comentários moderados.