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Delito de Opinião

Presidenciais (19)

Pedro Correia, 26.01.21

Discurso_de_vitória_eleitoral_de_Marcelo_Rebelo_d

 

FALAR DO QUE INTERESSA

Na noite das presidenciais ouvimos vários discursos. Alguns verdadeiramente lamentáveis, como o do zangadíssimo Rui Rio, que reclamava para o seu partido os louros da vitória de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto zurzia em jornalistas e comentadores, e o de Ana Gomes, que aproveitou o momento para um deplorável ajuste de contas com António Costa, que a ignorou olimpicamente durante a campanha. Ou o de Catarina Martins, que sorria com ar enlevado como se não acabasse de ter visto a sua candidata sofrer uma humilhante derrota nas urnas. Ou o de André Ventura, que parecia ter tocado a estratosfera do alto dos seus 11,9% - percentagem muito inferior à que obteve quando se candidatou pelo PSD à Câmara Municipal de Loures.

A melhor intervenção, de longe, foi a última. A do vencedor. Marcelo foi sereno e sóbrio, sem triunfalismo de qualquer espécie, na mensagem escrita que dirigiu aos portugueses. Está consciente das imensas dificuldades que o aguardam num mandato que ninguém pode invejar. Talvez por isso, foi o único a abordar em pormenor o tema mais preocupante: este duríssimo combate à pandemia, com a grave crise sanitária contrariando todo o optimismo que o Governo andou a impingir-nos, enquanto a crise económica e social vai espreitando ao virar da esquina. Em 30 de Setembro, quando terminarem as moratórias de crédito entretanto prorrogadas, isto tornar-se-á muito evidente.

«É a minha, a vossa, a nossa principal missão: primeiro, conter e aliviar a pandemia; para depois podermos passar para o que tanto precisamos, a reconstrução», declarou o Presidente reeleito neste notável discurso de vitória, proferido na reitoria da Universidade de Lisboa. Em contraste com vários outros oradores da noite, que ignoraram o tema ou o remeteram para plano secundário. Como se houvesse hoje alguma outra prioridade na vida nacional.

Falar do que interessa, sem politiquices nem mesquinhos cálculos de tacticismo imediatos, consciente deste pesadelo bem real que assombra o quotidiano das pessoas concretas: isto explica por que motivo o recandidato fez a diferença neste escrutínio em que obteve mais 8,7% e mais 122 mil votos do que conseguira em 2016. Com um impressionante intervalo de dois milhões de votos para a segunda classificada.

Quem na cena política portuguesa persiste em não entender isto, vive num mundo paralelo, desligado da realidade. Faria bem em aprender alguma coisa com o professor Marcelo.

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