Presidenciais (12)
Debate Maria de Belém-Marisa Matias
Pode-se começar um debate a perder ainda antes de o opositor abrir a boca? Pode. Maria de Belém Roseira gastou os quatro minutos iniciais da sua intervenção, no frente-a-frente com Marisa Matias ontem à noite na TVI 24, a enumerar diversos pontos do seu percurso biográfico. Deixando pressupor o reconhecimento de que tem um défice de notoriedade junto dos portugueses. Algo insólito numa pessoa que foi deputada e exerceu duas vezes funções ministeriais, além de ter sido presidente do Partido Socialista.
Bastou à eurodeputada do Bloco de Esquerda uma simples frase de réplica para desmontar a lógica argumentativa da sua oponente: "A candidatura à Presidência da República não deve ser vista como um concurso de antiguidade."
Parece faltar um eixo central às intervenções públicas de Maria de Belém, que insiste em falar do seu currículo à falta de melhor tema. Um aspecto que ainda poderá corrigir em futuras intervenções. Marisa Matias, pelo contrário, vai direita ao assunto. Neste debate deixou bem clara a sua posição relativamente ao caso Banif, com palavras que todos entendem: "Eu jamais assinaria de cruz um orçamento que retira 3 mil milhões de euros aos portugueses, que uma vez mais vão pagar os desvarios do sistema financeiro." Para comunicar bem não é necessário esperar pelos cabelos brancos.
Vencedora: Marisa Matias
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Frases do debate:
Belém - «O que me separa de Marisa Matias é, fundamentalmente, a minha experiência de vida.»
Marisa - «Entristece-me ver políticos tão experientes a desistir do seu país.»
Belém - «Eu sou uma feroz defensora do meu país.»
Marisa - «Temos maneiras diferentes de ver o Estado Social.»
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O melhor:
- A eurodeputada bloquista lembrou que o executivo Sócrates - que Maria de Belém apoiou - decretou cortes nos abonos de família.
- Maria de Belém induziu que a sua oponente não conhece suficientemente bem a Constituição ao lembrar-lhe que a lei fundamental "impõe limites aos poderes do Presidente da República".
O pior:
- "Enorme experiência, sensibilidade, dedicação a causas": a ex-ministra da Saúde exagerou no auto-elogio.
- Marisa Matias rejeitou que a Presidência da República seja "uma espécie de prémio de carreira", recusando encarar o óbvio.