Presidenciais (11)
Debate Edgar Silva-Paulo de Morais
À beira do fim do debate, Edgar Silva irritou-se com Paulo de Morais porque o ex-presidente da Câmara do Porto aparentava desconhecer projectos de lei do PCP. Naquele momento, o candidato madeirense que integra o Comité Central comunista pareceu esquecer-se de que estava num debate presidencial, quedando-se na condição de porta-voz do seu partido.
De resto, no frente-a-frente desta noite na RTP3 falou-se de quase tudo menos dos poderes do Chefe do Estado, que será eleito a 24 de Janeiro. Em cima da mesa estiveram temas tão diversos como os subsídios à agricultura, o encerramento de escolas e centros de saúde ou o preço dos manuais escolares. Temas pertinentes mas todos da órbita do Governo. Ora o Presidente, como geralmente se sabe, não governa.
Morais acabou por conduzir também este debate para o terreno que mais lhe interessa: o da corrupção. É um nicho de mercado eleitoral com sucesso garantido e ninguém o sustenta com tanto afinco como ele. Com tiradas demagógicas, naturalmente. Mas a demagogia, até mais ver, não paga imposto. E permite agarrar o auditório. Como nesta pequena história que narrou: "Hoje quem durma em Portugal num hotel de cinco estrelas, no momento em que vai tomar o pequeno-almoço, tem duas hipóteses - ou toma-o no hotel e paga IVA a 6% ou atravessa a rua e vai ao restaurante ou ao café, e paga IVA a 23%."
Vencedor: Paulo de Morais
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Frases do debate:
Morais - «Sou obcecado pela corrupção.»
Edgar - «É fundamental combater a promiscuidade entre os negócios e a política.»
Morais - «O Estado português deve cumprir os seus compromissos, gastando menos naquilo em que não deve gastar.»
Edgar - «O País tem 30% da população na pobreza absoluta.»
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O melhor:
- As bicadas de Edgar Silva ao Partido Socialista ajudam provavelmente a cimentar o eleitorado do PCP.
- Paulo de Morais diz o que as pessoas querem ouvir. "O Estado deve ir buscar dinheiro às parcerias público-privadas e pegar nesse dinheiro para aplicar nos hospitais."
O pior:
- Ao fazer uma campanha inteira a clamar contra a corrupção, como faz o ex-braço direito de Rui Rio na Câmara do Porto, corre o risco de banalizar o tema.
- O candidato comunista comparou os atentados terroristas em Paris de 13 de Novembro à "devastação social" em Portugal.