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Delito de Opinião

Pré-Visões do Euro 2016 - Potenciais

João André, 20.12.15

Nesta lista escrevo sobre aquelas equipas que, não sendo óbvias candidatas, poderão surpreender e ir longe na competição ou mesmo vencê-la. Seriam surpresas do mesmo tipo que a Dinamarca em 1992 ou a Grécia em 2004 (ou mesmo a Checoslováquia em 1976). São equipas que precisarão de vários factores do seu lado: nenhuma lesão, as estrelas a atingirem os seus picos de forma, elencos secundários sem falhas e até mesmo a jogarem os jogos da sua vida, um sorteio amigo e, extremamente importante, precisarão de sorte. Contudo, se todos estes factores se conjugarem, poderíamos ter um vencedor completamente surpreendente.

 

Áustria

É uma equipa a que não se costuma dar muita atenção, mas de forma injusta. Qualificaram-se como vencedores de um grupo com Rússia, Suécia e Montenegro (sempre incómodas) e são um grupo sólido e solidário no seu jogo. Não têm grande quantidade de estrelas mas jogadores como Fuchs, Prödl, Arnautović, Harnik e Janko são habitualmente incómodos e têm uma estrela capaz de jogar em meia-dúzia de funções diferentes em David Alaba. É improvável que deslumbrem ou que vençam a competição, mas fazem lembrar certamente a Grécia de 2004 (ou até a República Checa no mesmo ano). Pessoalmente preferiria não os enfrentar.

 

Croácia

Antes de mais nada, a razão para os colocar nesta lista: o meio campo Modrić-Rakitić-Kovačić. Se quiséssemos escolher um meio campo de tecncistas capazes de jogar de forma tacticamente sólida, dificilmente precisaríamos de ir mais além que este trio. Há depois alguns outros bons jogadores na equipa, como Ćorluka, Srna, Lovren, Perišić, Badelj, Kalinić ou Mandžukić. Chegaria para a maior parte das equipas. A grande questão é se Ante Čačić, o seleccionador, será capaz de levar este conjunto de jogadores a atingir o seu potencial.

 

Polónia

Em Lewandowski têm provavelmente o melhor ponta de lança do mundo de actualidade. Um jogador que mistura as qualidades de aríete, finalizador, organizador e pit-bull num só jogador. Em Szczęsny, Piszczek, Glik e Błaszczykowski têm um forte elenco de luxo e em Krychowiak uma parede em frente da defesa. Se a Áustria me faz lembrar a Grécia'04, a Polónia tem laivos da Dinamarca'92, especialmente se Szczęsny controlar as suas tendências para gaffes. Caso se aguentem na retaguarda e Lewandowski chegue saudável e em forma, podem ser uma surpresa.

 

Suíça

O que escrevi acima sobre a Áustria poderia escrever de novo sobre a Suíça. Nos últimos anos e especialmente sob a batuta de Ottmar Hitzfeld, a Suíça progrediu de equipa chata para equipa perigosa e com aspirações a mais. Para isso contribuiu muito a entrada da enorme comunidade de descendentes de imigrantes no país e que deram outro cariz à equipa.

Jogadores como Sommer, Bürki, Schär, Inler, Behrami, Xhaka, Frei ou Mehmedi poderiam ter lugar nos plantéis da maior parte das equipas do mundo. Lichtsteiner, Shaqiri, Drmić ou Rodríguez estarão na antecâmara da "classe mundial". Pessoalmente muito gostava de ter alguns destes jogadores a alinhar por Portugal. O ponto fraco poderá ser o seleccionador Vladimir Petković que chegou ao cargo de forma algo controversa e sofre com as comparações com Hitzfeld. Seja como for, são outra Dinamarca'92 em potência (senão mesmo Checoslováquia'76).

Turquia

Esta equipa anda há anos a pedir para nos surpreender. Formam talentos em série e, quando associados aos jogadores formados na diáspora (especialmente alemã) que trazem a disciplina, podem um dia destes explodir. O principal entrave costumam ser a falta de disciplina (que é compensada com uma paixão enorme) e os conflitos que possam surgir entre as facções religiosa e laica na equipa. Contudo, uma equipa com Turan, Çalhanoğlu, Yılmaz, Şahin e uma série de outros guerreiros e guiada por Fatih Terim (talvez o melhor seleccionador na prova) não pode nunca ser desprezada.

 

Em resumo: nenhuma destas equipas é uma imediata candidata e as suas probabilidades serão baixas, mas nas condições ideais - atingido o pico de forma, uma ou duas exibições perfeitas moralizadoras, falta de pressão, sorte, etc - poderão levar a que cheguem longe e, excepcionalmente, vençam o torneio. É também muito provável que uma destas equipas seja a principal desilusão. Mas na maior parte dos casos será divertido vê-las jogar.