Pós-eleitorais (5)
O PCP parece viver numa realidade paralela, como bem demonstra a mais recente edição do jornal oficial dos comunistas. Analisando o escrutínio presidencial de 24 de Janeiro, o impagável Avante! conclui o seguinte: «Não há resultados eleitorais capazes de apagar o carácter ímpar da candidatura de Edgar Silva e do colectivo imenso a que deu expressão; o projecto que corporizou é, também ele, inapagável, pois radica nas aspirações mais profundas dos trabalhadores e do povo.» Dir-se-ia a celebração de uma vitória. Mas não: trata-se afinal da leitura que os comunistas fazem do descalabro oficial do seu candidato - o pior resultado de sempre do PCP nas urnas. Por mais pesada que seja a derrota, o partido da foice e do martelo transforma-a sempre numa radiosa tomada do Palácio de Inverno. Com esta lógica discursiva, os amanhãs jamais cessarão de cantar.