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Delito de Opinião

Portugueses, cidadãos de segunda

Pedro Correia, 05.06.21

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Sim, o Governo trata os portugueses como cidadãos de segunda: sentimo-nos como gente estranha na nossa própria terra.

Isto tornou-se evidente quando as autoridades sanitárias viabilizaram a presença de público no jogo Chelsea-Manchester City, enquanto interditavam o acesso, mesmo muito limitado e circunscrito a pessoas devidamente testadas, de espectadores à partida final do campeonato nacional de râguebi, realizada no Jamor. A federação da modalidade fez um pedido formal, prontamente recusado pela DGS. Alegando razões de saúde pública inexistentes no desafio do Porto, também ocorrido a 29 de Maio.

 

Mesma data, mesma entidade pública, duas deliberações de carácter oposto: 500 portugueses proibidos de aceder às bancadas do Estádio Nacional, 16.500 ingleses autorizados a ver a final da Liga dos Campeões no Estádio do Dragão.

Uma discriminação totalmente intolerável.

 

Mas a duplicidade não termina aqui. Na véspera do jogo que opôs as duas equipas inglesas no Porto, a Assembleia da República aprovou a Lei n.º 33-A/2021, isentando do pagamento de IRS e de IRC todas as entidades estrangeiras envolvidas na organização daquela final. Incluindo «representantes e funcionários, clubes de futebol, respectivos desportistas e equipas técnicas, nomeadamente treinadores, equipas médicas e de segurança privada e outro pessoal de apoio».

Reza o diploma, espantosamente, que «esta isenção é apenas aplicável às entidades que não sejam consideradas residentes em território português». Um regime fiscal de excepção. Com Governo e Parlamento de cócoras perante os interesses futebolísticos da UEFA, organização internacional privada.

 

Fazem-nos sentir estrangeiros neste país a que chamamos nosso. Estranha sensação, inaceitável condição.

Alguns deles são capazes de cantar o hino de mão no peito, à americana. E de entoar loas patrioteiras no Dia de Portugal prestes a chegar. Já nada me espanta.

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