Portugal não é ainda uma república de santanas
Vamos cá ver uma coisa. Não tenho nada contra o facto de o Dr. Passos, individualmente, dar asas a um desejo incontrolável de se cobrir de ridículo. Por mim, pode pintar a cara de verde, caminhar de andas, fazer piruetas no tejadilho de um eléctrico ou tocar ferrinhos num daqueles programas televisivos de domingo à tarde. Outra coisa bem diferente é tomar decisões que são ofensivas para os portugueses, independentemente das suas preferências políticas. Bem sei que o facto de ter escolhido e mantido o Dr. Relvas no governo para lá de todo o mais elementar bom senso, de ter aguentado o Dr. Machete como ministro não sei de quê ou de continuar a ter como porta-estandarte a Dra Teresa Leal ao Coelho e a sua écharpe, sem que tenha sucedido revolução, motim ou cataclismo, dariam a qualquer um certa sensação de impunidade. Há, todavia, limites para tudo. E é bom que o Dr. Passos perceba que, se persistir na tresloucada tentação de empurrar o Dr. Santana Lopes para as presidenciais, sujeitará o seu partido e o candidato a uma monumental humilhação, inversamente proporcional, aliás, à votação que poderá ambicionar obter. Apesar de todo o esforço do Dr. Passos e da elevada concentração de palermas, tarolas e bananas evidenciada pela política doméstica, não chegou ainda o tempo de sermos considerados oficialmente uma república de santanas.