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Delito de Opinião

Por aqui se vê

Sérgio de Almeida Correia, 19.11.15

"Pelas contas de Simão Ribeiro, dos sete deputados do PSD que foram indicados pela "jota", "pelo menos seis" estão a favor das alterações à lei propostas pela esquerda. O presidente da JSD assume que é favorável a esta alteração, admitindo que, na votação na generalidade, poderá votar a favor de todas as propostas, para depois, em comissão, "analisar com mais cuidado" cada uma das diversas propostas." - Expresso

 

Está tudo aqui neste trecho da notícia do Expresso. São uma espécie de partido dentro do próprio partido, vivem à sombra das quotas internas, e dão-se ao luxo de assumi-lo e vincá-lo publicamente. Têm sete deputados, e apesar de aparentemente integrados numa coligação funcionam como uma espécie de Verdes dentro do PSD. Nunca foram a votos e têm eles próprios o seu "grupo parlamentar" informal, com mais deputados do que os Verdes e com a vantagem de não terem de ser verdes para serem tratados como Verdes. Depois é só uma questão de ir negociando lugares, apoios, contrapartidas e influência para irem singrando na vida e construindo uma "carreira" até chegarem a ministros e aos "negócios". Como Passos Coelho, Miguel Relvas ou Miguel Macedo. E com os brilhantes resultados que temos visto em termos de imagem e reputação da classe política e dos próprios partidos.

A reforma dos partidos devia começar por aqui. Não me refiro à JSD, que é apenas uma de entre várias, mas às juventudes partidárias em geral e ao peso (desproporcionado, em meu entender) que têm nas estruturas internas dos partidos.

Faz sentido que os partidos tenham secções ou departamentos vocacionados para questões de juventude, como para a terceira idade ou questões laborais, por exemplo. Também faz sentido que os partidos tenham uma função pedagógica e formativa e que ela se exerça desde logo em relação aos mais jovens, embora em relação a estes isso devesse ser feito pela família e pela escola. Mas faz algum sentido, pergunto eu, que um partido não seja um todo uniforme e que depois dos dezoito anos se possa continuar a militar numa juventude partidária? Faz algum sentido que matulões bem criados, alguns precocemente anafados e cheios de tiques adultos, já instalados na vida e gozando dos benefícios da meia-idade continuem a ser tratados como "jovens" para efeitos partidários, gozando do estatuto e da influência que isso lhes confere no seio do partido? 

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