Poesia
Maria Dulce Fernandes, 27.10.22
Nas palavras da ínclita Florbela Espanca, ser poeta é ser mais alto, é ser maior. Ler poesia é acariciar a alma, é ter a percepção duma realidade doce e sofrida, negra e tantas vezes trágica. É tomar como nossa a sensibilidade daquele que segura a pena e apoderarmo-nos dos seus sentimentos e, nem que seja por breves instantes, entrar-lhe na pele, sentir-lhe o amargo da boca ou a doçura dos lábios. É viver naquele momento a ilusão daquela vida.
Tendo as nove musas a mesma filiação, dissociar a poesia da música é como amputar um membro, até porque todo o ritmo da poesia é musical. A música tem o dom de elevar a vida. Tudo o que respira reage e se rege pelo som.
Quantas vezes por dia, sem um livro na mão, conseguimos declamar um poema maravilhoso dum poeta maior, apenas em cantando uma canção?
Homens e mulheres mais altos, maiores, esses quase desconhecidos que escreveram e escrevem palavras mágicas, que soberbamente musicadas são hinos inesquecíveis, homens e mulheres que escrevem poesia admiravelmente e que raramente são cantados como poetas.
Homens e mulheres mais altos, maiores, esses quase desconhecidos que escreveram e escrevem palavras mágicas, que soberbamente musicadas são hinos inesquecíveis, homens e mulheres que escrevem poesia admiravelmente e que raramente são cantados como poetas.
Há-os aos milhares, brilhantes, geniais, mas sempre, sempre num plano secundário, porque além da máquina social que nos vende a ideia do músico e da sua obra, a poderosa audição transmite-nos os acordes mais intensamente do que as palavras, muito embora sejam as palavras que movem o mundo.
(Imagens Google)