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Delito de Opinião

Perder por falta de comparência

Pedro Correia, 10.01.18

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 Marcelo e Balsemão em 1975

 

Francisco Sá Carneiro tinha 39 anos quando fundou o Partido Popular Democrático, tornando-se seu líder.

Francisco Pinto Balsemão tinha 43 quando lhe sucedeu, já o partido se designava PSD.

Carlos Mota Pinto subiu à liderança com 47 anos.

Aníbal Cavaco Silva tinha 45 anos quando ascendeu à presidência dos sociais-democratas.

Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito líder aos 47 anos.

Durão Barroso assumiu a presidência do partido aos 43.

Pedro Santana Lopes sucedeu-lhe quando tinha 48 anos.

Luís Marques Mendes foi líder aos 47.

Pedro Passos Coelho ascendeu ao cargo máximo no PSD com 45.

 

É evidente, atendendo até a tais precedentes, que o maior partido com representação parlamentar em Portugal está a perder uma excelente oportunidade, nesta mudança de ciclo político, para fazer uma renovação geracional. Contrariando de algum modo a sua matriz genética.

O PSD sempre foi um partido com dirigentes jovens, sabendo interpretar e até antecipar os sinais de mudança da sociedade.

A campanha interna em curso contraria esta tendência. Os dois únicos candidatos ao cadeirão do poder na Rua de São Caetano à Lapa são Rui Rio (60 anos) e o repetente Santana Lopes (61 anos). Por ausência da geração dos 40 anos, que preferiu aguardar melhor maré.

Neste país de treinadores de bancada, sociais-democratas como Jorge Moreira da Silva, José Eduardo Martins, Luís Montenegro, Paulo Rangel e Pedro Duarte privilegiaram o cálculo político, nada consentâneo com a tradição do partido nem com os exemplos de desassombro que mencionei acima. Gostássemos ou não deles, todos aqueles líderes souberam dar o passo em frente no momento próprio, sem se resguardarem na sombra. Conscientes de que, no palco da política, a pior forma de perder é por falta de comparência.

 

Os quarentões actuais estão talvez convictos de que a mesma água passa duas vezes debaixo da mesma ponte. Mas já os antigos sábios gregos sabiam que não.

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