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Delito de Opinião

Penso rápido (70)

Pedro Correia, 04.09.15

Por estes dias - dominados pela lógica das "redes sociais", que nada hierarquiza e descreve a realidade como um interminável plano horizontal - alguns comparam as vedações fronteiriças erguidas em determinadas zonas limítrofes do Espaço Schengen (começando pelos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilha, em Marrocos), chamando-lhes Muros da Vergonha.

Lamento discordar, mas Muro da Vergonha só houve um: aquele que impedia os próprios habitantes de abandonar Berlim-Leste, semicidade onde ninguém queria entrar naqueles anos de chumbo da Guerra Fria. Berlim Ocidental estava sitiada por todos os lados (e teve de ser abastecida pelo ar durante anos) mas era muito mais livre do que a parte comunista da antiga capital do Reich. Onde os habitantes não tinham a mais elementar das liberdades - a de circulação.

Não percamos a memória: o Muro de Berlim foi erguido por um regime ditatorial para impedir os seus próprios cidadãos de sair do país e assassinando-os à bala, se fosse preciso (o que infelizmente aconteceu em centenas de casos entre 1961 e 1989).

Comparar seja o que for ao Muro da Vergonha é conspurcar a memória dos resistentes e dos combatentes pela liberdade. Incluindo todos quantos lá morreram, vitimados pela guarda pretoriana do "socialismo real".

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