Penso rápido (47)
Poucas coisas me chocam tanto como a exibição - tão tristemente portuguesa - da inveja e do despeito perante todos aqueles que se distinguem, se valorizam, se superam a si próprios, conseguindo ultrapassar a estreiteza de horizontes a que poderiam estar condenados, contrariando todas as sinas e todos os fados para singrar na vida.
Se esse sucesso ocorrer num palco internacional, suscitando calorosos aplausos além-fronteiras, a inveja aumenta em proporção geométrica. E atinge delírios irracionais.
De todos os sintomas de menoridade que nos caracterizam, este é um dos mais notórios. E um dos mais entranhados. Como se fizesse parte do nosso inconsciente colectivo. E se calhar faz mesmo, o que explica muito do que se lê e escuta por aí.