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Delito de Opinião

Penso rápido (42)

Pedro Correia, 21.08.14

Nunca os economistas estiveram tanto em voga: quanto maior é a crise, mais rivalizam com os futebolistas enquanto campeões da permanência nos ecrãs televisivos. A esmagadora maioria limita-se a dizer-nos o que todos já sabemos, embora o diga com indisfarçável convicção: que as coisas estão más, que a situação é difícil, que a recuperação será lenta e penosa, que os problemas sociais poderão multiplicar-se, que a criação de emprego é um objectivo prioritário mas de concretização problemática.

Ouço este corrupio de génios a desfilar na pantalha, noite após noite, e questiono-me por que motivo não terão eles surgido com a sua palavra avisada e esclarecida quando o rumo dos acontecimentos era ainda incerto e a prosperidade parecia prolongar-se em rota ascendente, ao contrário do que sucedeu depois.

Há um velho aforismo que me vem à memória em momentos destes: depois da batalha, todos somos generais.

E lembro-me de outro: Deus criou os economistas para que os meteorologistas tivessem credibilidade.

Estamos bem entregues com tantos génios a velar por nós.

5 comentários

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    Pedro Correia 22.08.2014

    A propósito de Roubini, duas frases dele (de Maio de 2011):
    «O programa de austeridade em Portugal será doloroso mas é necessário.»
    «Um dos maiores problemas dos países periféricos [da União Europeia] é a falta de reformas estruturais, que estão a decorrer de forma muito lenta.»
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    Diogo Moreira 22.08.2014

    Dois lugares-comuns que, de tanto repetidos, até parece que são verdade... O que ele diz não tem sustentação na realidade portuguesa - que esse senhor não conhece minimamente.
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    Pedro Correia 25.08.2014

    Não sei se conhece. Mas é citadíssimo por excitadíssimos comentadores daqui.
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    Diogo Moreira 25.08.2014

    Para que fique claro como a água, eu não sou fã do sr. Roubini. Ele faz-me lembrar da fábulo do Pedro e do Lobo, sendo que ele faz de Pedro e frita vezes sem conta "Aqui vem lobo!" - até que um dia acerta. Curiosamente, os jornalistas decidem fazer dele uma vedeta instantânea, acrescentando ao seu nome o título 'foi o Economista que antecipou a crise', em vez de o terem chamado de charlatão, por ter estado tempo tempo enganado. Ou, como um relógio parado que está certo duas vezes por dia, que não serve de nada para nos guiar no dia-a-dia...

    Quando um Economista (ou político ou seja o que for) decreta a necessidade de reformas estruturais, é quase certeza absoluta de que não sabe do que está a falar. É que, para a 'clique' dos Economistas, estas são as palavras mágicas que resolvem todos os problemas! Faz um exercício mental: há anos que se fala na imperiosidade de fazer reformas estruturais em Portugal - quais foram feitas e quais são necessárias actualmente?
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