Penso rápido (40)
Leio na imprensa desta manhã: Mangala, transferido para o Manchester City, rendeu doze vezes mais do que a venda de Garay ao Zenit. O defesa francês, suplente no Mundial do Brasil, permite aos portistas encaixar 30,5 milhões de euros, correspondentes a 56,7% dos direitos económicos do jogador. Enquanto o central argentino, que foi titular da selecção que se sagrou vice-campeã mundial, apenas rendeu 2,4 milhões aos cofres encarnados.
Há qualquer coisa que me escapa nestes cifrões do futebol. E que não augura nada de bom enquanto vemos milionários oriundos de paragens longínquas tomar posse de históricos clubes europeus e empresários especializados em olear circuitos de transferências de profissionais do futebol engordarem cada vez mais as respectivas contas bancárias.
Os tentáculos desse gigantesco polvo em que se tornou o futebol-negócio vão-se ampliando na proporção inversa da dimensão hoje reservada ao futebol-desporto, confinando-a a uma memória cada vez mais difusa de tempos passados. Há aqui uma enorme borbulha em potência que, quando estoirar, não deixará de provocar muitas vítimas inocentes.