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Delito de Opinião

Penso rápido (37)

Pedro Correia, 04.08.14

A União Europeia, um projecto visionário, está a ser confrontada com as suas contradições. Por toda a parte despontam ancestrais ódios étnicos e seculares disputas fronteiriças que pareciam adormecidas voltam à tona. O nacionalismo tornou-se moeda corrente. Países que eram referência absoluta de progresso, como a Dinamarca, voltam a fechar as fronteiras enquanto os partidos xenófobos ganham terreno eleitoral em cidades tão cosmopolitas como Londres, Helsínquia, Amesterdão, Viena e Marselha.

A crise subsequente ao colapso dos mercados financeiros, com os seus 27 milhões de desempregados, potenciou este cenário. Mas a maior crise -- que é de identidade, de projecto -- já vinha de trás.

A Conferência de Versalhes (1919) e a Conferência de Ialta (1945) estão na origem de muitos dos conflitos europeus: os mapas da maioria das nações do nosso continente foram várias vezes redesenhados, nomeadamente nessas cimeiras internacionais. Fronteiras étnicas, linguísticas, religiosas e até orográficas eram subitamente alteradas a regra e esquadro por decisores políticos situados a milhares de quilómetros de distância.

Como se quisessem apagar os vestígios da História. Esquecendo-se de que a História, mesmo quando parece adormecida, pode sempre regressar a galope. E mais veloz que nunca.

Passou há muito o tempo em que o "projecto europeu" se esgotava numa união comercial. O problema, percebe-se agora, foi o passo ter sido maior que a perna: construiu-se uma união monetária sem verdadeira união política.

Mas a União Europeia ou é uma verdadeira união política ou não será nada de substancial.

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