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Delito de Opinião

Penso rápido (29)

Pedro Correia, 23.07.14

Tenho uma certeza: a utopia do "jornalismo cidadão", que transforma cada um de nós em repórter munido de uma câmara de filmar e de uma pena indignada pronta a retinir nas redes sociais, não substitui - de forma alguma - o jornalismo clássico, sujeito a princípios deontológicos e a um quadro de referências éticas muito específicas que podem ser alteradas no pormenor mas não no fundo.
Um dos princípios básicos é ouvir sempre todas as partes envolvidas numa questão. Outro, fundamental, é não fazer juízos definitivos sobre questões que estão longe de encontrar desfecho. E sem nunca esquecer que um jornalista é fundamentalmente um repórter, não é um juiz. Existe para mostrar, relatar, descrever, explicar. Não existe para condenar liminarmente ninguém e muito menos para pendurar seja quem for em pelourinhos públicos: essa não é a sua função.
Nenhuma democracia pode prescindir do jornalismo enquanto veículo formador da opinião pública. Porque não existe democracia sem opinião pública: só as ditaduras a dispensam e a sufocam.
Por este motivo, e apesar das incógnitas contemporâneas, julgo que o jornalismo conseguirá sobreviver a todas as crises. Em novos formatos, com novas perspectivas, com metas diferentes. Mas sem nunca trair, na essência, a matriz original.

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