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Delito de Opinião

Penso rápido (18)

Pedro Correia, 07.07.14

O século XX seria o período da História em que se atingiria a paz perpétua - assim acreditavam muitos pensadores que saudaram a viragem do calendário como uma alvorada de esperança. É certo que havia a Guerra dos Boers na África do Sul e não tardou muito que russos e japoneses se confrontassem num sangrento conflito bélico. Mas em 1905 esses ecos distantes mal chegavam ao coração da Europa. Nesse ano, a visita do Rei D. Carlos de Portugal ao Reino Unido foi acompanhada “com exagerado detalhe” pela imprensa britânica, como salienta Geoffrey Blainey na sua Breve História do Século XX. A caça do monarca aos faisões, lebres e pombos no palácio real de Chatsworth, posto à sua disposição pelo anfitrião, Eduardo VII, empolgava os leitores londrinos que se “deliciavam ao saber que ele apreciava uma luta de bolas de neve junto da tarde do almoço”. Era esse o espírito do tempo. Uma época fugaz de bonomia que não funcionou afinal como prelúdio do "fim da História". Três anos depois, D. Carlos era assassinado no Terreiro do Paço. E em 1914 - faz agora um século - estalava a Grande Guerra, por um motivo fútil. O século que começou com o brilho das luzes mergulharia no eterno retorno às trevas ancestrais. 

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