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Delito de Opinião

Pensamentos convalescentes

Maria Dulce Fernandes, 15.01.22

A história está repleta de eminências pardas, aqueles que na sombra de um dirigente mexem os cordelinhos vitais à governação de uma nação, de um estado, de um partido, de uma empresa, quiçá até da humanidade.

Curiosamente, muitos seriam guias espirituais e chefes eclesiásticos, os Cardeais Richelieu e Mazarino, outros desempenhando altos cargos em hierarquias governamentais ou partidárias, por cá o Conde Andeiro, o  Marquês de Pombal e até o Dr. Paulo Portas nos bons velhos tempos do Dr. Manuel Monteiro.

Muitos deixaram a sua marca na história e tiveram o seu tempo que é já pretérito, perfeito ou imperfeito, consoante os critérios que cada um de nós adquiriu social e culturalmente.

Nunca uma eminência parda conseguiu abrangência à escala mundial como este vírus que há mais de oitocentos dias assola e escraviza a humanidade. Guerras sangrentas e ditadores sangrentos e fundamentalistas passaram bem mais rápido e fizeram muito menos estrago. Ex Machina ou revolta dos elementos, a verdade é que se tornou um déspota incontrolável e incontornável, pois mesmo sendo um organismo morto rege-se pelo princípio da fénix, ressuscitando em novas e sucessivas variantes, qual delas a mais propícia à aniquilação da nossa espécie, que até agora tem sido ela própria a única espécie Galactus de si mesma e do seu próprio mundo.

Todos tivemos medos em criança. O Insonho, Homem do Saco, o Bicho-Papão, o Olharapo ou o Farronca, entre muitos outros, compõem a galeria dos medos infantis, que atingindo a maioridade mudam de nome, porque os medos são outros, mas o princípio é o mesmo: Covid19, IRS, Inflação, Dívida Externa, Governo, etc.

Se temos sobrevivido a tanta malignidade, terá sido por termos aprendido a viver e conviver paredes meias com a ignominiosa tragédia que protagonizamos desde que haurimos a primeira golfada de ar?

Somos mestres na magia da sobrevivência e estrategas natos no que trata em garanti-la. Se não os podemos vencer, juntamo-nos a eles como tão bem sabemos fazer. Minamos-lhe os humores e os âmagos até os fazermos implodir e garantir assim a erradicação total.

Quanto aos parasitas do vírus, esses serão bem mais difíceis de exterminar por terem a capacidade de se auto-clonarem cada vez mais eficaz, rápida e resistentemente.

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