Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Pensamento da semana

João Campos, 10.02.18

Conseguimos eliminar doenças que há não muito tempo dizimavam populações inteiras. Conseguimos viver muito mais tempo, e com mais saúde, do que os nossos antepassados; e mesmo que o nosso tempo de vida nos pareça sempre curto, temos a possibilidade de viajar e de conhecer mais mundo do que alguma vez foi possível. Conseguimos criar uma rede de comunicação instantânea que une todos os pontos do globo e que coloca praticamente todo o conhecimento da Humanidade disponível à distância de alguns cliques. Conseguimos sequenciar o genoma humano. Conseguimos explorar os abismos oceânicos. Conseguimos quebrar as barreiras e colocar uma missão permanente na órbita baixa do planeta. Conseguimos pisar a Lua, conseguimos levar o engenho humano até aos limites do Sistema Solar, e conseguimos, através desse mesmo engenho, vislumbrar distâncias incompreensíveis no tempo e no espaço. Sim: isto não chega a todos, infelizmente, mas o potencial existe. E eis que chegámos ao prodigioso ano de 2018: à era da pós-verdade, dos factos alternativos, da equiparação do método científico a palpites orgulhosamente ignorantes, de um orgulho nacionalista tão absurdo como perigoso, do regresso do ódio pela diferença, de um fanatismo religioso que envergonharia populações medievais.

 

Se estivesse a ver isto de fora talvez fosse capaz de apreciar a ironia. 

 

Este pensamento acompanhou o DELITO durante toda a semana

4 comentários

  • Sem imagem de perfil

    Lucklucky 07.02.2018

    "envenenar e sujar terras e mares como nunca visto"

    Não fala das espécies, seres que beneficiaram do "envenenamento" e "sujidade"

    "Atentar contra a biodiversidade como nunca visto"

    Como sabe?
    Mas vamos partir do princípio que é verdade.
    Isso é interesse humano, não das espécies que beneficiaram e outras que foram criadas porque outras desapareceram.



    A natureza farta-se de destruir terras e habitats
    Envenenar e sujar terras e mares é um conceito humano. A natureza farta-se de sujar e envenenar também.

  • Imagem de perfil

    João Campos 07.02.2018

    Quer mesmo argumentar que a actividade humana não tem responsabilidade no perigo de extinção, quando não de extinção efectiva, de um número assinalável de espécies? Seja por intervenção directa (caça), seja por intervenção indirecta (destruição de habitats)? Quer mesmo argumentar que tudo aquilo que fazemos não tem qualquer impacto na Natureza?

    Há países que se esforçam no sentido da preservação - a China empreendeu esforços neste sentido para preservar os pandas, entre outros animais. Não vejo por que motivo preservar fauna e flora faz tanta confusão a algumas pessoas.

    A questão já não é tanto os estragos causados, que são bastantes e evidentes (tem visto o que se passa no Tejo?). Também já não é sobre se existe alguma coisa que se possa fazer - isso há sempre, de uma forma ou de outra. A questão é a vontade de fazer alguma coisa. Essa é que escasseia, como os tigres, os rinocerontes ou os anfíbios.
  • Sem imagem de perfil

    Lucklucky 08.02.2018

    Eu critiquei o "nunca visto" .
    O valor que se dá é sempre relacionado com o lucro humano.Qualquer que ele seja.

    Por exemplo, preservação. Preservação é bom ou mau?

    Preservar é atacar a evolução natural se o acto de desaparecimento de uma espécie ou ser não for da responsabilidade humana?
    Mas só se considerarmos o humano como não natural.
    Se os leões acabam com as gazelas já é natural?

    Os "estragos" de que fala só são válidos na consideração humana. Haverá certamente bactérias e seres que beneficiaram com as descargas. E isto também já é uma consideração humana pois dá mais valor a um ser do que a uma pedra.
  • Comentar:

    Mais

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog tem comentários moderados.