De Einzeturzende Neubaten a 15.02.2017 às 09:09
Embora os factos existam, a sua realidade, a sua significação, é imaginada (Platão e o mundo das formas). E isto porque cada um de nós interpreta os factos à sua maneira. Desta forma estaremos mais perto da verdade quando decidirmos procurá - lá de ouvidos e olhos fechados. Como defende, Heisenberg, a Realidade apenas existe se vista. Contudo existe muita verdade para lá daquela percepcionada por cada um de nós. Nesta linha de raciocínio consulte - se também Kurt Godel e o teorema da incompletude. Qualquer teoria matemática parte de pressupostos não passíveis de demonstração. Assim não existem tudologos, apenas achistas. Apenas a certeza da dúvida.
Já o velho Parménides, pelo contrário, garantia que o ser era eterno e imutável e toda a mudança é pura ilusão dos nossos sentidos.
De Einstürzende Neubauten a 15.02.2017 às 11:11
O Ser, a Vida em Geral, sim, parece-me Eterna/Cíclica (acho eu!). Existiu o Big Bang, a grande expansão, depois sucederá o Big Crunch, a grande contração do Universo que condensará toda a matéria cósmica num espaço ínfimo. E depois novo Big Bang. Num ciclo interminável.
A Vida geral é eterna. Quando morrermos os nossos elementos orgânicos entrarão na formação de plantas. Servirão de alimento a vermes, rosas, girassóis. Tal como da morte das estrelas retirámos o elemento químico Ferro para com ele fazermos a hemoglobina (pigmento que transporta oxigénio, nos nossos glóbulos vermelhos) - todos os elementos químicos pesados resultaram da explosão de SuperNovas, não tendo origem terrestre.
E as nossas futuras mães, as futuras vidas, alimentar-se-ão de novos cadáveres, de outras mortes. E da morte, a vida retirará os elementos nutritivos (átomos e moléculas orgânicas e não orgânicas) dos que outrora foram para voltar a nascer. A morte é como a seiva da vida. O seu leite e mel.
O que ressalta daqui é uma lógica de Ciclo e Repetição
Talvez tudo se resuma ao Eterno Retorno de Nietzsche, em que o que muda são os actores convidados e não o argumento.
Correcção:
Queria dizer Schrödinger, e não Heisenberg.
O Gato de Schrödinger é uma experiência mental, frequentemente descrita como um paradoxo, desenvolvida pelo físico austríaco Erwin Schrödinger, em 1935. A experiência procura ilustrar quão estranha é a interpretação de Copenhague da mecânica quântica, imaginando-a aplicada a objetos do dia-a-dia. No exemplo, há um gato encerrado em uma caixa, de forma a não estar apenas vivo ou apenas morto, mas sim "morto-vivo
O experimento também traz à tona questionamentos quanto à natureza do "observador" e da "observação" na mecânica quântica; se você, pelo fato de abrir a caixa e deparar-se com um gato morto, é ou não o responsável pela sua morte. Foi no transcurso desse experimento que Schrödinger criou o termo Verschränkung
Eterno retorno? Segundo Heraclito, ninguém pode banhar-se duas vezes nas águas do mesmo rio.
De Jorg a 15.02.2017 às 18:02
Heisenberg não diz nada que sustente tal disparate sobre a natureza da Realidade - e, se se der ao trabalho de se cultivar com atenção, até percebe que resolve, de forma positiva, muitos problemas relativos a erros de percepção mutuos...
Igualmente Gödel não tem nada ver com tal alinhamento de raciocinio - existem alias dois teoremas da incompletude, que substânciam, não um relativismo que endosse alarvidades do tipo "muita verdade para lá daquela percepcionada por cada um de nós" - apenas nos acautela, de forma rigorosamente brilhante, para as limites (que não impossibilidades) da racionalização partindo de pressupostos axiomáticos que utilizamos para percepcionar essa realidade, calibrando-os, o que os torna muitos úteis para ponderar como patranha paleio de "erros de percepção mutuos".
Na Universidade contava-se esta anedota sobre âmbitos de conhecimento e correlacionadas aplicações práticas - num teste psicológico desenhado para homens de ciência, uma jovem em trajes sucintos sentava-se, em poses sedutoras, na extremidade iluminada de um quarto 'autrement' escurecido.
O primeiro a ser submetido ao teste era um matemático - a psicologa de serviço explicou-lhe o teste "o senhor tem de se dirigir, em linha recta, para a extremidade iluminada onde se encontra aquela exuberante jovem, mas seguindo a seguinte sequência de passos - o seu segundo passo terá de ter associado um comprimento que é 1/2 do primeiro; o seu terceiro passo terá de ter associado um comprimento que 1/2 do segundo; e assim sucessivamente.."
O matemático, perante tal explicação, recusa fazer o teste declarando despeitado- "nunca conseguirei chegar junto de tão gentil cachopa!!"
Segue-se um engenheiro (ou um físico experimental..). Ouvida a explicação, esfrega as mãos, e dispõe-se a caminhar de acordo com a sequência indicada pela psicologa. Esta ainda lhe diz "repare que tal sequência matemática para os passos implica que nunca vai conseguir chegar até a extremidade iluminada!"
O engenheiro responde-lhe, com expressão marota "eu sei! Mas sei também que consigo chegar suficientemente perto para poder fazer uma série de coisas interessantes!"
Nota de rodapé: A psicóloga ajustou um pressuposto (axioma?) para o teste- que os participantes masculinos se impressionassem com cachopas...
De Einstürzende Neubauten a 15.02.2017 às 20:27
Jorg se gosta de impressionar cachopas, leia correctamente. Corrigi, posteriormente, para Schrödinger
Quanto a Godel, fique com esta de outro genial matemático, discípulo de Bertrand Russel:
"Os limites de minha linguagem são os limites de meu mundo."
Ou se quiser leia o Pessoa - “O mito é o nada que é tudo.”
Qual dos dois é o Jorg?
http://revistasera.info/wp-content/uploads/2013/08/criacao-adao.jpg
De Jorg a 16.02.2017 às 10:45
Igualmente Schroendinger não tem nada a ver com tal disparate sobre a percepção da realidade - sabia que as escalas quânticas, quando nela se procurava medir um parâmetro, eram afectadas,modificando outros distintos parâmetros mensuráveis, pelo observador/experimentalista, mas tal é independente da certificação de existência do objecto por mera opção de decisão de observação do sujeito. Aliás, foi o argentino "Quino" numa das tiras da Mafaldinha que populariza o alerta para as subjacências tacanhas de tais intelectuais maravilhamentos de criação de realidades pela mera existência de egocentrico sujeito - o Manelinho, em frente a um globo terrestre, pergunta "Mafaldinha, o mundo já existia antes de nós nascermos?"
"Claro que existia" replica a Mafaldinha.
Manelinho, põe aquela expressão de presunto tudólogo e contesta " E para quê!!".
O conhecido de Russel, que não discípulo (graças a Deus) vista a originalidade e autonomia, também mencionou "Wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen " - o que é valioso critério para não ser tomado por parvo com boutades tipo "erros de percepção mutuos" e pode ainda servir para ultrapassar binária bipolaridade facil de acoplar a "achismos" e "tudologias".
De Pessoa, prefiro (previsível) Alberto Caeiro, sempre atento á Eterna Novidade do Mundo - acautelado, porém, por aquele poema da Mensagem que nos avisa sobre os Colombos cujo pavoneamento "É justa auréola dada/Por uma luz emprestada"
Boa Noite & Boa Sorte
De Einstürzende Neubauten a 16.02.2017 às 13:14
https://www.youtube.com/watch?v=ndZl7L_ciAQ
https://www.youtube.com/watch?v=ABZ8rrDMc54