Pensamento da semana
As democracias liberais têm má imprensa no Ocidente, onde as autocracias voltam a merecer acenos de simpatia cem anos após terem incendiado grande parte do solo europeu. A verdade, porém, é que estamos preparados para enfrentar a pulsão imperialista e neocolonial de Vladimir Putin. A Europa (obviamente dissociada da tirania de Moscovo, inimiga declarada do "decadentismo liberal") é mais forte do que a Federação Russa. Mesmo que acabe por perder o escudo protector dos EUA.
Não precisamos do Irão nem da Coreia comunista nem de mercenários do islamismo radical iemenita para nos fornecerem armamento e combaterem por nós. Ao procurar esses aliados entre a escória do planeta enquanto ameaçava destruir o Ocidente com bombas nucleares (cenário paranóico que nem Estaline ousou traçar), Putin escolheu um campo de onde já não sairá ileso. E deu enorme prova de fraqueza, não de força.
Tendo sido incapaz de conquistar Kiev, assassinar Zelenski, instalar um fantoche à frente do Governo ucraniano e até de preservar o seu vassalo Assad na Síria, é capaz de quê? De "conquistar" cerca de 45 mil km2 de ruínas, o equivalente a menos de metade da superfície de Portugal. Entre avanços e recuos, apenas exibe isto como débil troféu de caça na Ucrânia desde Fevereiro de 2022.
É inútil os seus apaniguados cá na terra alimentarem ilusões: mais depressa cairá o ditador russo do que alguma pedra essencial mudará na Europa Ocidental - a tal "decadente" parcela do globo que muitos abominam, quase todos invejam mas onde ninguém recusaria viver. Por ser o pior continente, à excepção de todos os outros.
Este pensamento acompanhou o DELITO DE OPINIÃO durante toda a semana