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Delito de Opinião

Pensamento da semana

Teresa Ribeiro, 19.07.20

Quando acompanho as notícias que nos chegam acerca dos progressos da investigação sobre a nova vacina contra este vírus penso sempre que a medicina coadjuvada pela tecnologia pode até acelerar a produção de uma droga com as características que se pretende, mas não pode encurtar a resposta biológica dos pacientes que agora estão a servir de cobaias. A Natureza tem o seu ritmo. Quando se fala na vacina nunca se discute isto com clareza. Porque temos pressa, porque o desespero é muito, mas também porque teimamos em ignorar o nosso lugar na hierarquia do mundo natural. Só nos enterros é que se ouve sempre dizer que "não somos nada". Essa humildade faz-nos mais falta em vida. Poupava-nos muitos problemas, a começar pela pandemia que estamos agora a enfrentar.

 

Este pensamento acompanhou o DELITO durante toda a semana

4 comentários

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    Aprígio 13.07.2020

    ". O Homem ganhou o hábito de dominar e controlar todas as doenças, de achar que todas elas têm que ter cura"
    E bem. De muitas consegue-se a cura. Vejam-se os antibióticos. Recorde-se o que foi a drama da paralisia infantil.
    "O Homem já só quer a imortalidade."
    E bem.
    Qual é o problema? Aspiramos ao bem. Nada de extraordinário.
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    Luís Lavoura 13.07.2020

    A imortalidade não é um bem. É um mal.
    Imaginemos um mundo sobrepovoado de pessoas, todas elas já não muito novas, que nunca morrem. Pessoas que continuam a reproduzir-se, a ter cada vez mais filhos, mas que nunca morrem. É inconcebível. É uma distopia. Um mundo sobrepovoado de gerações que se sobrepõem. Vivem tetravós e tetranetos, todos ao mesmo tempo. E de onde vem a comida para essa gente toda? E para que serve essa gente toda?
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    Anónimo 14.07.2020

    “E ali estava ele, sozinho e incapaz de se maravilhar com a beleza assustadoramente poderosa daquele simples crepúsculo, a vermelhidão do céu tornando-se violeta à medida que o sol se refugiava para lá do horizonte longínquo, as sombras tingindo o solo verde de relva em tons de negro, a suave brisa afagando-lhe o rosto agora sem rugas. Olhava em frente mas deixara de contemplar, perdera a habilidade de vislumbrar um futuro que se lhe oferecia insípido, as razões da sua existência confundindo-se com a desilusão da monotonia. Os pensamentos velhos e longos de séculos atropelavam-se na sua mente, definhando na exuberância da carne, a contínua e perfeita renovação dos músculos e das glândulas afundando-o numa atmosfera de futilidade, os dias infinitos impacientando-o, a eternidade há muito conquistada afigurando-se-lhe demasiadamente inane para merecer ser vivida. A sabedoria adquirida com o embranquecimento dos cabelos havia sido lentamente dissipada pelo desengano de um milhão de manhãs sempre iguais, o desapontamento levando-o a uma apatia cada vez maior, o cansaço das tarefas repetidas tornando-o pouco mais que um mero autómato, o algoritmo de si próprio revelando-se desatinadamente fastidioso…”
    Eu, João Lopes em "Eternidade"
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