Pensamento da semana
No seio das sociedades mais desenvolvidas, o discurso ambiental está carregado de hipocrisia e fundamentalismo. De cimeira em cimeira, de manifestação em manifestação, todos são corajosos e empenhados no combate às alterações climáticas, todos fazem proclamações grandiosas e dão receitas milagrosas para salvar o planeta, mas toda essa dinâmica parece perder força quando é transposta para a realidade local. O quotidiano que nos rodeia nos nossos empregos e cidades vai-nos revelando uma cumplicidade popular perante atentados diários à sustentabilidade da nossa sociedade. Os anos passam e a passividade cívica nacional perpetua-se perante os rios que são destruídos por fábricas devidamente identificadas, perante a incompetência crónica na gestão da floresta, perante o turismo de massas que vai pressionando social e ambientalmente comunidades locais, perante o desperdício de água gritante nas condutas públicas, perante o tráfego massivo de viaturas a combustível fóssil que continue a ser permitido em zonas verdes sensíveis, perante a construção excessiva de betão na linha de costa e zonas protegidas, perante os atentados urbanísticos, perante a decadência dos transportes públicas "empurrando" as pessoas para uso de viatura própria, perante o lixo que se vai acumulando nalgumas zonas, parente a ausência de fiscalização e "pulso forte" contra os prevaricadores das regras ambientais... Perante isto, e muito mais, não me recordo de ver qualquer manifestação ou acto de indignação neste nosso país.
Este pensamento acompanhou o DELITO durante toda a semana