Pela liberdade, contra a ditadura
Este ano, nenhuma dúvida: o Prémio Sakharov, do Parlamento Europeu, deve destacar os dois rostos mais visíveis da oposição na Venezuela: Maria Corina Machado, a Mulher-Coragem que enfrenta com risco da própria vida a oligarquia "bolivariana", e Edmundo González, o homem que com desassombro e dignidade deu a cara na eleição presidencial que venceu por larga margem e da qual foi espoliado pela camarilha de Caracas.
Ela e ele representam os venezuelanos. Incluindo os 2400 presos políticos encarcerados nos temíveis calabouços da narcoditadura de Nicolás Maduro, vários dos quais sujeitos a torturas. Incluindo os cerca de oito milhões que na última década "votaram com os pés", abandonando o país, outrora o mais próspero da América hispânica, em busca de pão e liberdade.
A propósito, o meu elogio a Francisco Assis, que não hesitou em demarcar-se da maioria da bancada socialista na eurocâmara votando «por imperativo de consciência» a favor do reconhecimento de Edmundo González como legítimo presidente eleito da Venezuela, contestando a vergonhosa fraude eleitoral que atribuiu a vitória ao derrotado nesse escrutínio. Outros quatro eurodeputados do PS tomaram a mesma posição. Merecem também elogio.
Isto enquanto o Partido Comunista da Venezuela acaba de denunciar as sevícias a que têm sido sujeitos muitos jovens opositores da tirania de Maduro, vários deles ainda menores. «Torturados com electricidade, mecanismos de asfixia e espancamentos», às ordens da sinistra Sebin, a PIDE venezuelana.
Nada que pareça incomodar o PCP, muito pelo contrário. Cego e surdo aos dolorosos protestos dos próprios camaradas de Caracas, Paulo Raimundo e os restantes membros do Comité Central cá do sítio continuam a comportar-se como serviçais do déspota de Caracas. Tal como prestam vassalagem ao genocida de Moscovo.
Assim vão traindo a memória dos comunistas que em vários quadrantes sofreram prisões e torturas. Ignomínia moral perante o que acontece hoje na Venezuela, dia após dia, a tantos combatentes pela liberdade.